Lisboa, 16 fev (Lusa) – A CPLP terá de procurar parcerias para desenvolver as suas iniciativas, num quadro de crise económica dos Estados membros, nomeadamente para a agenda do desenvolvimento sustentável pós-2015 estabelecida pelas Nações Unidas, disse hoje um responsável da organização.
“A CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) terá de fazer um conjunto de parcerias inteligentes, com diversos parceiros que a possam ajudar nas áreas técnicas da sua competência” e com recursos financeiros nas várias iniciativas do bloco lusófono, declarou o diretor de Cooperação da organização, Manuel Lapão.
De acordo com Manuel Lapão, nomeadamente no caso da agenda internacional da ONU para o desenvolvimento sustentável (pós-2015), essa é muito exigente “não apenas para a comunidade lusófona, mas para o mundo”.
“Nós (países membros da ONU) aprovámos 17 objetivos e 169 metas num prazo de 15 anos e, como imaginam, isso não será um processo fácil. Não há uma agência, em termos internacionais, que consiga cumprir essa agenda sozinha”, disse o responsável aos jornalistas, durante a conclusão da reunião dos Pontos Focais de Cooperação da CPLP, em Lisboa.
A Agenda de Desenvolvimento Sustentável Pós-2015, agora chamada Agenda 2030, corresponde a um conjunto de programas, ações e diretrizes que orientarão os trabalhos das Nações Unidas e dos Estados membros rumo ao desenvolvimento sustentável.
Manuel Lapão disse que mantém parcerias frutíferas com várias agências da ONU, mas isso não é o suficiente.
De acordo com Manuel Lapão, “a própria CPLP terá muita dificuldade em aceder a novos recursos. É sabido, é conhecido que a crise internacional tem afetado sobremaneira alguns membros da CPLP em função do seu modelo económico e, seguramente, a comunidade vai ter reflexos de uma maior diminuição ou disponibilidade de recursos para as suas atividades”.
“A CPLP não está isolada, está a trabalhar e continuará a trabalhar em parceria. Entretanto, os recursos públicos dos Estados não serão suficientes para esses programas”, acrescentou o responsável.
Sobre a questão do financiamento dos programas da organização, durante a reunião dos Pontos Focais foram debatidas estratégias alternativas para suprir a dificuldade do financiamento público para o desenvolvimento, como a economia solidária e inovação social.
O bloco lusófono, no âmbito de iniciativas mais recentes, como a “Juntos contra a Fome” e a conferência de Energia, tem tido um grande apoio não só junto da sociedade civil, mas também do setor privado, que tem sido “um amigo consistente” e cujo processo de responsabilidade social de algumas empresas tem ajudado muito a organização lusófona, segundo o diretor da Cooperação do bloco.
“Nas iniciativas que os Estados membros terão dificuldades em obter recursos, a promoção de parcerias virtuosas com o setor privado é seguramente um objetivo”, sublinhou.
Durante a reunião dos Pontos Focais de Cooperação da CPLP, foram aprovadas duas iniciativas: a execução da terceira fase das ações de formação de formadores sobre o combate ao tráfico de seres humanos para profissionais do sistema de justiça penal e a segunda fase do portal “Conexão Lusófona”, com notícias colhidas por jovens jornalistas da comunidade.