Não faltou comoção hoje no aeroporto da Madeira, na cerimónia oficial de denominação desta infraestrutura como homenagem ao futebolista Cristiano Ronaldo.

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O resultado menos favorável da selecção portuguesa no jogo de ontem frente à Suécia não afastou os muitos fãs de Cristiano, que marcaram presença no evento e não se cansaram de aplaudir o seu ídolo, embora este não se tenha mostrado muito visível para os que o aguardavam, limitando-se a chegar e a entrar num recinto fechado a todos (inclusive comunicação social) onde só eram admitidos convidados.

Porém, o facto de só poderem acompanhar a cerimónia através de um grande écran e de só terem visto Cristiano Ronaldo aquando da chegada deste no veículo que o transportou e no momento em que saiu do mesmo, não fez esmorecer o entusiasmo dos admiradores, que se manifestaram ruidosamente em várias ocasiões, mostrando o seu apoio à homenagem. Entretanto, um autêntico batalhão de repórteres, fotógrafos e operadores de câmara disputava a oportunidade de captar imagens do melhor futebolista do mundo, muitos deles reportando em directo, pela rádio ou pela TV, o que viam.
Uma força policial de monta, que incluiu agentes bem armados e até com equipamento anti-motim, além dos elementos de segurança pessoal, encontravam-se de prontidão no local e controlaram todos os movimentos dos presentes, já que, além da estrela futebolística, se encontravam na cerimónia o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro António Costa, o representante da República, Ireneu Barreto, o presidente da Assembleia Legislativa Regional, Tranquada Gomes, e o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, entre outras individualidades.
Neste acontecimento ouviram-se elogios a Cristiano Ronaldo por parte de todos os oradores. A cerimónia começou com uma intervenção de Jorge Ponce de Leão, presidente da ANA, Aeroportos de Portugal, que se congratulou com o facto de agora se associar o nome do Aeroporto da Madeira o de um “desportista exemplar”. Este responsável defendeu que homenagear os melhores do país é não só exprimir reconhecimento, mas fazer sobressair aquilo que nos faz singulares. A ANA, disse, tem projectado uma imagem de qualidade que sairá reforçada com a associação do nome do famoso futebolista à infraestrutura aeroportuária da Madeira.
Por seu turno, Raul Moreira, director de filatelia dos CTT, deu conta, de seguida, da entrada em circulação de um postal dedicado a este aeroporto, agora com a denominação de Cristiano Ronaldo. Após o lançamento oficial do mesmo, o presidente da República s

Miguel Albuquerque defendeu, por seu turno, a opção da “justa homenagem” a um “grande madeirense e a um grande português”, um homem que ultrapassou as fronteiras da ilha e do país, “admirado em todos os países do mundo”, devido à sua capacidade de trabalho e concentração nos objectivos, “que fazem dele um exemplo para todos nós”.

“Apesar da fama”, disse Albuquerque, “nunca voltou as costas à sua Região e ao seu país, e sempre ajudou aqueles que mais precisavam, e eu sei disso muito bem, muitas vezes de forma anónima”. Razões sobejas para considerar que “só as pessoas de espírito pequeno é que não sabem reconhecer mérito aos outros”. O presidente madeirense elogiou também a mãe de Ronaldo, Dolores Aveiro, atribuindo-lhe uma justa parte do sucesso do filho.

“Foi para mim uma honra tomar esta decisão, que, estou certo, representa a vontade dos madeirenses, dos portosantenses e da maioria do povo português”, concluiu.

Cristiano Ronaldo, esse, agradeceu a homenagem e a presença de todos, e sublinhou o amor que tem às suas raízes. “Nas entrevistas que dou e nas acções de promoção, faço sempre questão de elogiar Portugal e, em especial, a Madeira”, declarou.

Acrescentou que é de opinião que as homenagens devem ser feitas em vida do homenageado, como é o seu caso, pelo que agradeceu a Albuquerque “ter tido a coragem, a frontalidade e a firmeza de defender a sua ideia”. Referiu que nunca pediu um tal acto, mas disse: “Não sou hipócrita e admito que fiquei feliz e honrado”.
“Sei”, admitiu, “que algumas pessoas não estão de acordo… mas não sou hipócrita e assumo que algumas se calhar estão aqui neste momento”, referiu ainda. “Tudo bem, somos livres, vivemos numa democracia e todos temos direito a expressar a nossa opinião”.

“Tentarei sempre continuar a dignificar Portugal e em especial a Madeira, com dedicação, espírito de sacrifício e paixão”, terminou.

Já o presidente da República pautou a sua intervenção pela consideração de que é uma grande responsabilidade atribuir uma homenagem deste calibre em vida da pessoa homenageada, uma vez que o percurso de vida de uma pessoa tem muitos altos e baixos e variáveis imponderáveis. É por isso que geralmente se atribuem este tipo de louvores e dignificações apenas a pessoas já falecidas, uma vez que existe já distanciamento em relação à sua vida e obra e houve a oportunidade de analisar cuidadosamente o que foi feito e pesá-lo na balança. Porém, não poupou elogios a Ronaldo e considerou-o “um grande atleta” e um “grande homem”, manifestando a convicção de que a “lúcida humildade” que o caracteriza e a “constante ligação às suas raízes” lhe permitirá manter sempre, ao longo da sua vida, uma atitude susceptível apenas de engrandecer o país que o viu nascer. Por isso, considerou que a opção do presidente do Governo Regional, se bem que arrojada, foi uma medida “excepcional para uma personalidade excepcional”, um jogador que levou o nome de Portugal às sete partidas do mundo e que é “admirado por todos, com um carinho sem limites”.

Assim, esta homenagem, ao dar-lhe agora o nome dum aeroporto, justifica-se pela “gratidão que lhe é devida”.

Marcelo Rebelo de Sousa enalteceu ainda a Autonomia regional, que, disse, se conjuga harmoniosamente com a unidade nacional. “O poder político nacional”, realçou, “respeitou, todo ele, essa manifestação de autonomia regional” que foi a opção de Miguel Albuquerque em denominar o Aeroporto da Madeira em homenagem ao ‘craque’.

Uma vez concluída a cerimónia, que incluiu o descerramento de uma placa alusiva e de um busto, além da efígie do jogador ao lado das letras, em grandes dimensões, que designam ‘Aeroporto da Madeira’, as personalidades e os convidados inauguraram uma exposição de cartoons do jogador, patente na aerogare. Posteriormente dirigiram-se à sala VIP, e já mais ninguém os viu. O público permaneceu à distância, e mesmo a comunicação social foi mantida arredada, por baias de segurança. 

Depois, Marcelo Rebelo de Sousa retornou à capital no Falcon da Força Aérea Portuguesa, e Cristiano Ronaldo também seguiu o seu destino noutro avião. O primeiro-ministro António Costa ainda permaneceu na Região.

 

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