O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, agradeceu segunda-feira as palavras do papa Francisco, que no dia de Natal pediu que terminem as tensões na Venezuela, e confirmou o compromisso do Governo em continuar na mesa de diálogo.
“Quero agradecer ao papa Francisco (pelas) as palavras tão formosas sobre a Venezuela, na missa de 25 de dezembro. Quero reafirmar ao papa Francisco o meu compromisso com o diálogo, a paz, todo o meu compromisso com a palavra de Deus, com Cristo Redentor”, disse.
Nicolás Maduro falava no programa radiofónico “A Hora da Salsa”, transmitido pela Rádio Miraflores, a partir do palácio presidencial de Miraflores, em Caracas.
“A 13 de janeiro há um encontro que deve cumprir-se. Nós vamos cumprir, porque o nosso povo, a Venezuela, necessita de diálogo”, disse, fazendo alusão à próxima reunião da mesa de diálogo, que, segundo o Vaticano, está prevista para 13 de janeiro de 2017.
Por outro lado apelou à oposição para que mantenha o diálogo e explicou que deu instruções ao representante do Governo, Jorge Rodríguez, para “entregar uns presentinhos” aos acompanhantes da mesa.
A 25 de dezembro último, durante a tradicional bênção “urbi et orbi”, no balcão da Basílica de São Pedro, o papa Francisco pediu que “a valentia anime também a amada Venezuela para dar os passos necessários com vista a por fim às tensões atuais e a edificar conjuntamente um futuro de esperança para a população inteira”.
Entretanto a aliança opositora venezuelana Mesa de Unidade Democrática (MUD) emitiu um comunicado informando que “não existem condições para restituir, no próximo 13 de janeiro, um diálogo direto” com o Executivo e informando que pediu ao Vaticano que ative os mecanismos para verificar “o não cumprimento dos acordos” de parte do Governo.
A oposição insiste que o Governo não cumpriu em relação à fixação de um calendário eleitoral, não libertou os presos políticos, não abriu um canal humanitário para receber alimentos e medicamentos do estrangeiro e que mantém uma posição de confronto na Assembleia Nacional, onde a oposição detém a maioria.
A 30 de outubro, o Governo e a oposição iniciaram um diálogo, sob a mediação do Vaticano e da Unasul (União das Nações da América Latina), que levou à criação de quatro mesas de negociação.
A 12 de novembro, o Governo e a oposição acordaram trabalhar conjuntamente para a recuperação da economia e o combate à insegurança, entre outros aspetos.
A 06 de dezembro a oposição e o Governo reuniram-se com o Vaticano, por separado, com ambas partes a acusarem-se mutuamente de incumprimento.
A próxima reunião está marcada para 13 de janeiro.