A língua portuguesa é uma vantagem para muitos lusodescendentes quando tentam entrar no mercado laboral do Canadá, admitem muitos jovens, filhos de emigrantes portugueses.
“Saber falar português foi uma vantagem, porque além do inglês e francês (línguas oficiais do Canadá), falar português permitiu-me arranjar trabalho como hospedeira numa companhia de aviação em Toronto”, afirmou Laura Esmerado, de 27 anos.
A lusodescendente, filha de emigrantes de Águeda (distrito de Aveiro) e de São Miguel (Açores), é licenciada em Representação para Cinema e Televisão.
A língua portuguesa aprendeu “em casa, com a família, pois muitos não falavam inglês, melhorando também através da leitura de jornais comunitários”.
A cantora Nelly Furtado é a sua grande referência luso-canadiana, até porque singrou também na vertente das artes, área que Laura Esmerado optou por seguir na universidade.
Por “laços familiares cresci junto a um Orfeão (Stella Maris), o que me ajudou a desenvolver o vocabulário no português. Depois apaixonei-me pela música portuguesa, além da gastronomia”, acrescentou.
Há um ano Paulo Pereira, de 21 anos, começou a trabalhar no Banco e Montreal (BMO), no balcão do Centro Comercial ‘Dufferin Mall’, numa área onde reside uma grande comunidade portuguesa.
“O trabalho que tenho hoje no Banco de Montreal é porque sei falar a língua de Camões”, afirmou o filho de emigrantes de Arcos de Valdevez (Viana do Castelo).
Aprendeu a língua materna a em casa, por influência dos pais. Depois, durante três anos frequentou a escola de português ‘Caminho do Saber’ e manteve-se envolvido com a comunidade portuguesa no Canadá.
Mais a oeste de Toronto, em Kitchener, a lusodescendente Michelle Ramos, de 24 anos, filha de emigrantes da Ilha Terceira (Açores), enalteceu a importância de saber falar o português como segunda língua, por motivos profissionais.
“Quando pretendes candidatar-te a um trabalho, os empregadores perguntam-te sempre por uma segunda língua”, sublinhou a luso-canadiana, sublinhando que às vezes no seu local de trabalho, uma instituição financeira, “aparecem clientes portugueses que não falam inglês, ou que falam espanhol”, que é percetível.
Michelle Ramos, que é licenciada em jornalismo de rádio e televisão, contou que aprendeu português em casa pois a sua avó “não falava inglês”, e para falar com ela “tinha de saber o português”.
Sem nunca visitar Portugal, Amanda Resendes, de 28 anos, também conseguiu emprego de assistente administrativa numa clínica dentária graças à língua portuguesa.
“Cerca de 75 por cento dos utentes da clínica são portugueses. Trabalho na área da ortodontia numa clínica. Saber falar português contribuiu bastante para conseguir este trabalho, até porque mais ninguém aqui fala português”, frisou.
Filha de emigrantes de Santa Maria e do Faial (Açores), Amanda Resendes tem um “grande orgulho em ser lusodescendente”, e espera “um dia visitar Portugal, na companhia da filha”.