A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Pan Americana da Saúde emitiram um alerta global sobre a epidemia de Zyka vírus a 1 de Dezembro de 2015.

OMS

Na sequência do mesmo, todos os países membros foram instados a se prepararem para a capacidade de diagnóstico e gestão de possíveis casos de doença, sendo expectável um incremento global dos mesmos. Já foram confirmados casos em nove países das Américas: Brasil, Chile, Colômbia, El Salvador, Guatemala, México, Paraguai, Suriname e Venezuela.

O vírus Zika é um vírus da família Flaviviridae que é transmitido aos seres humanos pela picada de mosquitos infetados. Os principais vetores são do género Aedes. Os sintomas e sinais clínicos da doença são, em regra, ligeiros: febre, erupções cutâneas, dores nas articulações, conjuntivite, dores de cabeça e musculares. Com menor frequência, podem ainda ocorrer dores nos olhos e sintomas gastrointestinais.

Na sequência das recentes epidemias de doença por vírus Zika ocorridas na Polinésia Francesa (ilhas do Pacífico sul), bem como no Brasil, foram notificados em número superior ao habitual casos de síndrome de Guillain-Barré e de microcefalia em fetos e recém-nascidos de mães que foram possivelmente expostas ao vírus Zika nos dois primeiros trimestres da gravidez1. Estão em curso investigações para estabelecer uma possível relação causal entre a infeção e a ocorrência daquelas condições patológicas.

Segundo a avaliação de risco do ECDC2 na Europa existe uma possibilidade reduzida da ocorrência de casos de infeção por vírus Zika associados a viagens. No entanto, com a propagação da epidemia no Continente Americano e no Pacífico sul, a probabilidade de importação de casos para a Europa poderá aumentar.

Assim, devem os viajantes que se deslocam para as áreas afectadas, tomar as seguintes medidas:

·        Antes do início da viagem procurar aconselhamento em Consulta do Viajante, em especial mulheres grávidas;

1 http://www.paho.org/hq/index.php?option=com_docman&task=doc_view&Itemid=270&gid=32285&lang=en

2Disponível em http://ecdc.europa.eu/en/publications/Publications/zika-virus-americas-association-with-microcephalyrapid-

risk-assessment.

·        No país de destino seguir as recomendações das autoridades locais;

·        Assegurar proteção contra picada de mosquitos:

-        Utilizar vestuário adequado para diminuir a exposição corporal à picada (camisas de manga comprida, calças);

-        Optar preferencialmente por alojamento com ar condicionado;

-        Utilizar redes mosquiteiras sobretudo nos períodos de descanso matinal e vespertino, utilizar redes mosquiteiras em alcofas, berços ou dispositivos de passeio de crianças pequenas e sobretudo nos períodos de maior actividade dos mosquitos vectores. Ter especial atenção aos períodos do dia em que os mosquitos do género Aedes picam mais frequentemente (a meio da manhã e desde o entardecer ao por do sol);

·        Aplicar repelentes de insectos, observando as instruções do fabricante, e atender a:

-        Crianças e mulheres grávidas podem utilizar repelentes de insetos apenas mediante aconselhamento de profissional de saúde;

-        Não são recomendados para recém-nascidos com idade inferior a 3 meses;

-        Se tiver de utilizar protetor solar e repelente, aplicar primeiro o protetor solar e depois o repelente de insetos.

Por outro lado, os viajantes provenientes de uma área afetada que apresentem, até 12 dias após a data de regresso, os sintomas referidos, devem procurar de imediato uma unidade de saúde, centro de saúde ou unidade privada de saúde e relatar os sintomas, bem como as viagens efectuadas.

Ainda que a atividade do mosquito Aedes aegypti, durante a actual estação mais fria seja praticamente nula na Região, devem as pessoas no regresso de uma viagem a uma zona afetada, e, sobretudo se revelarem os sintomas sugestivos da doença, manter a utilização de repelente se houver risco de exposição à picada de mosquito, quer na zona onde residem, quer nas deslocações, até estar excluído a possibilidade de uma infecção pelo vírus Zika ou outra qualquer arbovirose transmitida pelo género Aedes. Aconselha-se, ainda, as mulheres grávidas que tenham permanecido em áreas afetadas, que após o regresso, consultem o seu médico assistente mencionando a viagem.

Neste sentido, o IASAÚDE, IP-RAM através do presente ALERTA DE SAÚDE PÚBLICA, reúne a informação mais recente sobre o número e distribuição de casos de Zyka vírus no mundo, que podem ter implicações para Portugal Continental e para a Região.

Zyka vírus - Atualização da situação no mundo a 31/12/2015
Países com casos N.º de casos (suspeitos e notificados)
  •  Alemanha (caso importado do Haiti: Port-au-Prince)
1
  •  Brasil (Alagoas, Bahia, Ceara, Maranhão, Mato Grosso, Para, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Sergipe, Roraima e São Paulo)
Sem reporte do n.º de casos
  •  Cabo Verde (Ilhas: Santiago, Maio, Fogo e Boa Vista)
4.744
  •  Chile (na parte Este da Ilha)
Sem reporte do n.º de casos
  •  Colômbia
7.516
  •  El Salvador
240
  •  Guatemala
17
  •  Guiana Francesa
1
  •  Holanda (casos importados do Suriname)
3
  •  Honduras
2
  •  Ilhas Fiji
Sem reporte do n.º de casos
  •  Ilhas Salomão
Sem reporte do n.º de casos
  •  Indonésia
                                   1
  •  Martinica
1
  •  México
3
  •  Nova Caledónia
Sem reporte do n.º de casos
  •  Nova Zelândia
2
  •  Panamá (Ustupu e Ogobsugun, Guna Yala)
95
  •  Paraguai
6
  •  Polinésia Francesa
Sem reporte do n.º de casos
  •  Porto Rico
1
  •  Samoa
Sem reporte do n.º de casos
  •  Suriname
5
  •  Vanuatu
Sem reporte do n.º de casos
  •  Venezuela (Maracaibo, Zulia)
7


Fonte: ProMEDmail Pro/EDR – Zyka Vírus – Americas (03), 2015-12-05; PRO/EDR> Zyka virus - Netherlands ex Suriname, 2015-12-13; PRO/EDR> Zyka virus - Americas, Atlantic Ocean, 2015-12-23 e Pro/EDR – Zyka Vírus – Americas (05), 2015-12-31.