A Madeira está empenhada em “trabalhar com os melhores”. Miguel Albuquerque e Eduardo Jesus repetiram tamanho desejo nos vários momentos da visita a Montreal.
As respostas aos desafios insulares surgiram naturalmente. As parcerias ganham forma com interlocutores empenhados em fortalecer relações. Casos da Câmara de Montreal, da Universidade de Rimouski, da escola hoteleira de Montreal, da Caixa Desjardins Portuguesa, da Azores Airlines, entre outras instituições e empresas.
Das reuniões mantidas “correu tudo muito bem”, assegura o presidente do Governo. “Temos três áreas com boas hipóteses de trabalho em conjunto: a área tecnológica é uma delas, pois as nossas empresas têm tecnologia de ponta e podem entrar facilmente no Canadá; em destaque estiveram também as potencialidades do Centro Internacional de Negócios para as empresas canadianas em fase de internacionalização, por via da apresentação de algo que não era conhecido aqui que é o acordo de dupla tributação entre Portugal e o Canadá, o que deu ânimo aos nossos investidores e a um dos nossos parceiros fundamentais que é a Caixa Portuguesa; a outra área que despertou bastante interesse foi o Turismo, não só nos aspectos alusivos à promoção como à formação levando a que a escola hoteleira de Montreal solicitasse a visita do secretário regional que tutela o sector”, resume.
Do encontro com o Presidente da Câmara de Montreal, Denis Coderre, o líder do executivo madeirense percebeu haver receptividade para a implementação da tecnologia avançada portuguesa, nomeadamente nos “sistemas de gestão de estacionamento que são anacrónicos”. A ACIN, empresa cujo presidente acompanha a visita, leva vantagem.
No livro de honra municipal, Albuquerque faz questão de deixar escrita a vontade de cooperar, aproveitando a onda de internacionalização e a fase em que as empresas canadianas estão em fraca expansão. Mas não só. Por via do acordo comercial recentemente celebrado com a União Europeia, o mercado canadiano revela abertura ao investimento e às marcas nacionais. Na bagagem, traz esperança e orgulho, até porque ouviu do autarca palavras de apreço pelo dinamismo da prestigiada comunidade lusa.
Albuquerque constatou a capacidade de intervenção em várias oportunidades, sobretudo quando visitou a sede da Desjardins Caixa Portuguesa, uma instituição financeira de referência da comunidade portuguesa do Quebec (ver destaque). “É um instrumento decisivo para os investimentos portugueses. É um interlocutor privilegiado. É a quinta instituição mais sólida em termos de credibilidade em termos financeiros e tem sido uma alavanca dos investimentos dos luso-descendente aqui no Canadá. Também notei que tem o grande desejo de ser suporte para a entradas de empresas portuguesas no Canadá e base para contactos nas áreas fulcrais da economia e mesmo universitárias. Por exemplo, o presidente da Caixa indicou a Universidade de Rimouski como contacto a estabelecer para área do mar, maricultura e mineração subaquática. Vou aproveitar o contacto para divulgarmos posteriormente as iniciativas que temos nas mesmas áreas”, referiu.
A acção solidária e filantrópica junto da comunidade desencadeada pela Missão Católica Portuguesa de Santa Cruz deixa-o sensibilizado
A instituição criada em 1964 assumiu ter dívida de gratidão para com a Madeira. Primeiro porque é obra do Cónego José Manuel Freitas, falecido em Maio passado no Funchal. Segundo porque perpétua as tradições e momentos festivos, com o arraial em honra da Senhora do Monte, conforme destacou o padre José Maria Cardoso.
Canadianos com apetência por destinos no Inverno
O embaixador de Portugal no Canadá, José Fernando Moreira da Cunha, garantiu tudo fazer para que os interesses privados e públicos madeirenses sejam bem sucedidos. Ouvimo-lo deixar tamanha garantia por duas vezes, a última das quais ontem, durante a reunião do executivo regional com empresários e operadores turísticos portugueses e canadianos alusivo ao tema ‘Oportunidades de negócio e o sector turístico da Madeira’.
A diplomacia portuguesa está entusiasmada com o discurso patriótico de Miguel Albuquerque e com a visão de futuro.
“A Madeira goza de grande prestígio” no Canadá, sublinha o embaixador, convicto que a visita das entidades regionais dará consistência a um destino que convém promover mais, até porque num país com bom nível de vida há muita vontade de viajar, sobretudo nos meses em que o Inverno rigoroso faz das suas.
O secretário com a pasta da Economia, Turismo e Cultura aproveitou a deixa para exibir as mais valias de um sector que contribui para 25% do PIB e 15% do emprego, um destino com mar, montanha e cultura, terra de oportunidades e de investimento, factores que garantem “ouro”.
Comunidade com prestígio ajuda
Miguel Albuquerque entende que Portugal tem que aprender com as comunidades. Aliás, entende que a nação só pode ser grande “quando se virar definitivamente para os portugueses espalhados pelo mundo”.
Assumido defensor das “ligações afectivas”, decidiu enfatizar em Montreal a grandeza de uma comunidade credível, logo, estimada.
Para quem tem dúvidas, fica o repto: “Se querem que Portugal seja mais justo e próspero, venham ver o que é trabalho, sucesso, coragem e abertura ao mundo”.
Para quem não tem, fica o propósito: “Temos que perder complexos pois temos a capacidade de entrar em qualquer País. Não somos inferiores aos outros. A nossa comunidade é respeitada porque ao longo dos anos contribuiu para a riqueza e desenvolvimento do País. É isto que importa enaltecer. Eu cá tenho orgulho nas comunidades madeirenses espalhadas pelo mundo e não as quero só porque investem em Portugal. O nosso país tem na sua diáspora a afirmação fundamental que muitas vezes é pouco explorada e entendida. O sucesso de Portugal também se deve àquilo que se faz na diáspora”.
Indispensável
Uma caixa portuguesa com certeza fica bem
A par dos inúmeros restaurantes portugueses de Montreal, a Caixa Portuguesa é apresentada pela diplomacia como plataforma e núcleo fundamental na vida da comunidade. Não é para menos.
É considerada a instituição financeira mais segura do Canadá, tem crescimentos anuais na ordem dos 8% e este ano já regista um volume de negócios de 385 milhões de dólares. Nascida em 1969, tem 16 funcionários e gere 1.800 caixas automáticas no Quebec.
Na Caixa trabalha a machiquense Carmo Roque. Vive há 37 anos no Canadá e é directora responsável pelo serviço aos privados. Aliás, ‘serviço’ é o que faz a diferença na cooperativa que se assume como parceira privilegiada nos negócios. Mas também uma instituição com responsabilidade social. Distribui anualmente pela comunidade 100 mil dólares, destinados a apoiar escolas, associações e jovens. Fora deste montante estão outros 80 mil dólares para publicidade e marketing, valor que se destina a apoiar projectos da comunidade na área da comunicação social.