Numa altura em que a banca continua no centro das atenções e da instabilidade causada pela crise – na verdade já lá vão oito anos -, com várias instituições a não conseguirem garantir aos seus clientes que os seus investimentos estão seguros, já há quem esteja a aconselhar os emigrantes a não colocarem lá o seu dinheiro, seja em que modalidade for.

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É o que tem feito o advogado, residente na África do Sul, José Nascimento, que repetiu ao DIÁRIO as razões para tão drástico aconselhamento.
Começa por referir que “é altamente prejudicial a imagem actual da banca portuguesa”, sendo que com o caso Banif é a terceira instituição bancária, depois do BPN e do BES, a ser afectada directamente por actividades de risco.

Há ainda o caso CGD, onde o Estado terá de injectar 2.700 milhões de euros, mas com a venda a de dívida subordinada a privados, o esforço público ascenderá a 4.160 milhões.
Por isso, salienta o advogado, “isto tudo leva a um descrédito da banca nacional”, pelo que, “futuramente, acho que os emigrantes não residentes vão ter um certo receio em investir o seu dinheiro nessas instituições”. E acrescenta: “O meu conselho aos portugueses não residentes é apostar nos imóveis, na propriedade imóvel e não na banca. Como é óbvio, não posso aconselhar ninguém a investir na banca com este tipo de resultado. Não ponham o vosso dinheiro nos bancos porque correm o risco de perder o vosso dinheiro”.
No entender de José Nascimento, a solução mais segura é “o investimento na propriedade imóvel, porque continua barata em Portugal, é muito negociável pelo comprador que tenha dinheiro para tal e os arrendamentos, com a lei do inquilinato, hoje em dia é uma opção muito melhor do que no passado, pois poderão ter um retorno do investimento muito melhor do que a banca lhes pode dar em termos de juros”, refere.

Questionado sobre a opção que muitos emigrantes tinham em comprar casa em Portugal ou, mais especificamente, na Madeira não para rentabilizar, mas sim como segunda residência, José Nascimento esclarece que o aconselhamento é precisamente no investimento. “Se vão deixar o dinheiro na banca como investimento será preferível e muito mais lucrativo investirem num imóvel”, frisa, acrescentando duas razões: “Primeiro porque o capital do imóvel, mesmo que cresça pouco está a crescer, ao passo que o capital no banco não cresce. O que pode crescer no banco são os juros, mas cujos retornos e rendimentos são inferiores à renda de um imóvel. Portanto há duas vantagens nesta opção, em termos de capital e em termos do rendimento.”

Pagar pelo sol

Lembra, por isso, que é “muito mais sensato, muito mais seguro, porque ninguém nos vem tirar a casa, embora preocupe um pouco esta questão de pagar imposto municipal sobre imóveis (IMI) sobre a exposição solar e sobre as vistas”, ainda que esteja por concretizar em lei, acredita “ser muito, muito negativo em termos de imagem para Portugal, pois como qualquer investidor estrangeiro que passe agora a pagar pela exposição solar, o receio dele é o que virá a seguir. Se são capazes disso, essas pessoas são capazes de tributar tudo e mais alguma coisa”.
E conclui: “Se é uma questão de os políticos governantes precisarem de mais dinheiro para o orçamento para fazer face às necessidades do País, então que aumentem os impostos mas não venham com conceitos lastimáveis, por serem difíceis de averiguar objectivamente. Está a ver a notícia “Sunny Portugal now pays for tax”? (O sol português agora paga impostos). É de bradar aos céus! Quando tivermos de pagar imposto pelo sol em Portugal, o que virá a seguir?”

in Diário de Notícias da Madeira