Nas últimas semanas os madeirenses radicados no Reino Unido têm vindo a procurar o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras para obter o respectivo passaporte. A procura acentuada pela titularidade do documento teve maior relevância a partir do momento em que a maioria dos ingleses optou por sair da União Europeia.

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Para muitos esta situação prejudica quem decidiu fazer vida de em terras de sua majestade.

“Nos primeiros sete meses de 2016 foram emitidos 6.397 passaportes electrónicos portugueses. No período homólogo, em 2015, haviam sido emitidos 6200”, informa o Ministério da Administração Interna em resposta ao DIÁRIO, acrescentando que nas “últimas duas semanas foram emitidos 2860 passaportes electrónicos”.

O gabinete da Ministra de Constança de Sousa adianta ainda que “no período homólogo, em 2015, haviam sido emitidos 2.566”. Ou seja, quase ter centenas a mais do que foi registado no ano passado.

Perante o crescimento, o governo de António Costa prefere não assumir que esta corrida ao SEF está directamente ligado ao chamado ‘brexit’. De qualquer modo o ministério admite que este aumento possa estar “relacionado com a visita de emigrantes”, não especificando, todavia a origem dos mesmos, apenas sublinha que o “aumento do número de passaportes solicitados” regista-se em “mais 294 na última quinzena de Julho”.

Seja como for, o DIÁRIO sabe que a esmagadora maioria dos emigrantes que se deslocaram ao SEF são procedentes de Inglaterra. Alguns dos quais aproveitaram a vinda à Região para passarem férias e da mesma vez solicitaram a titularidade do passaporte. É que começou a circular notícias entre a comunidade portuguesa que seria exigido o documento mesmo para aqueles que já residiam há pelo menos seis anos.

Inquietude
Iva Abiatti já trabalhou no consulado de Portugal em Jersey. Teve estatuto diplomático e ainda mantém fortes ligações com a comunidade portuguesa quer nesta ilha do Canal onde cerca de 10% da população é constituída por cidadãos originários do nosso país, quer com ainda com conterrâneos em Inglaterra. Adianta que “o sentimento é de natural preocupação para aqueles que não têm residência”.

Esta moradora na freguesia do Paul do Mar, casada com um cidadão com dupla nacionalidade (inglesa e italiana) antevê que, “se o governo inglês não alterar a legislação muitos madeirenses, especialmente aqueles que estão há menos tempo, possam ter que regressar”.

Por conhecimento de causa, afirma que os emigrantes em Jersey e em Guersey, em princípio não terão estes constrangimentos devido ao estatuto político administrativo que vigora neste território insular. Pelo menos essa é a expectativa que vai sentindo dos emigrantes, confessa.

De resto, outros madeirenses que entretanto contactámos esperam que haja uma negociação política entre o governo português e o britânico numa tentativa de salvaguardar os interesses da comunidade lusa. José Teixeira, vive há quatro anos em Londres, tem essa opinião. Com formação em enfermagem diz ter optado pela emigração porque na Região não conseguia ter uma carreira profissional estável.

“Infelizmente tive de sair da minha terra para ter um futuro melhor e dar outras coisas condições à minha família, agora com esta situação é óbvio que fico preocupado”, expressa, não deixando igualmente de estar confiante que existe uma evolução nos meses seguintes.

in Diário de Noticias