Caracas conta a partir de agora com uma conselheira social, cuja primeira função será identificar as necessidades da comunidade portuguesa na Venezuela, disse o secretário de Estado das Comunidades.
O Governo português nomeou a magistrada Marlene Soares para apoiar a comunidade portuguesa e os consulados de Caracas e Valência, e que entrou em funções. O governante, José Luís Carneiro, disse que, na visita que fez, em Junho, à Venezuela, foi identificada a necessidade urgente de um conselheiro social para funcionar como um intermediário entre os serviços consulares, o movimento associativo e as autoridades venezuelanas. A prioridade é realizar "um diagnóstico das necessidades, tão rigoroso quanto possível, das necessidades das instituições sociais, nomeadamente no apoio aos mais idosos e carenciados", referiu o secretário de Estado.
"Dentro de algumas semanas, teremos um trabalho mais profundo de identificação dos casos de necessidade, quer das famílias quer das instituições", disse José Luís Carneiro, que acrescentou que o objetivo é reforçar o apoio social, nomeadamente através dos mecanismos de apoio social aos idosos carenciados (ASIC) e de apoio social a emigrantes carenciados (ASEC). A nova conselheira deverá também "garantir que se mantém o diálogo entre as autoridades venezuelanas - designadamente os ministérios das Relações Exteriores, da Justiça e do Interior - com as autoridades consulares e diplomáticas portuguesas".
José Luís Carneiro adiantou que os serviços consulares na Venezuela estavam desde o verão passado sem conselheiro social, uma vez que a pessoa que ali desempenhava este cargo foi transferida para o Brasil. O consulado geral de Portugal em Caracas tem inscritos cerca de 250 mil portugueses, enquanto mais de 50 mil estão registados no consulado de Valência.
No entanto, a comunidade portuguesa na Venezuela é estimada entre 500 mil e um milhão de pessoas. De acordo com o gabinete de José Luís Carneiro, o governante encontrou preocupação com o futuro da Venezuela nos portugueses que contactou naquele país, em maio, mas também "votos de esperança". "A situação económica, política e social degradou-se de forma acentuada", numa altura em que as preocupações quotidianas estão relacionadas com "o cada vez mais difícil acesso a bens e serviços essenciais, como medicamentos, alimentos, pão, leite", a que se somam cortes de energia e de água e um "sentimento de insegurança" devido ao aumento de assaltos, roubos, sequestros e homicídios.
Mas, José Luís Carneiro garante que também encontrou "muita esperança de que a Venezuela consiga resolver os seus problemas institucionais, garantindo condições de vida aceitáveis para os muitos portugueses que lá escolheram viver", aliada a "uma expectativa em relação à situação política e social, atendendo ao crescente descontentamento da população". O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, garantiu, no início do mês, no parlamento, que o Governo português está "preparado para qualquer circunstância" para proteger a vida e os interesses dos portugueses na Venezuela.