Marcelo lançou dois apelos inesperados na visita ao Porto Santo: diálogo entre os órgãos de governo regional e autárquico e a inclusão das populações nas decisões. “Celebrar a Autonomia não é fazer uma festa”, lançou.
Precedido de um batalhão de jornalistas e repórteres de imagem, o Presidente da República subiu a rua de acesso ao cais, no centro da cidade, cumprimentando todos os populares, visitantes e residentes que o aguardavam com expectativa. Acompanhado das entidades regionais e locais distribuiu sorrisos e misturou-se com a multidão.
“Um encontro fraterno” como afirmou, após a assinatura do Livro de Ouro do município. Agradecendo o acolhimento feito no exterior dos Paços do Concelho do Porto Santo, que lhe permitiu o contacto directo com a população e combater a ideia “de que os políticos se fecham nas salas em reuniões demoradas”, afastados do povo.
Muito aplaudido no seu discurso, Marcelo Rebelo de Sousa brincou, pelo facto de ser apelidado de optimista, com o clima “até já vimos o sol”. E deixou a garantia, “não é a última vinda, é a primeira de muitas mais”, respondendo aos desafios deixados pelo presidente da Câmara Municipal.
Filipe Menezes de Oliveira aproveitou a ocasião para convidar o Presidente da República para presidir à Comissão de Honra do evento “Porto Santo 600 anos”. Projecto que pretende assinalar, em 2018, os seiscentos anos do achamento da ilha.
Marcelo recusa ser figura decorativa na Comissão de Honra
Repto que Marcelo Rebelo de Sousa comentou com ironia, prometendo acompanhar de muito perto a comissão executiva do projecto e declinando a posição da Comissão de Honra, “onde são colocados muitas vezes os velhinhos”, como figuras decorativas. Assumiu a vontade de colaborar activamente e regressar na ocasião ao Porto Santo.
O edil solicitou ainda à Presidência da República o exercício da magistratura de influência, junto do Governo, para que o princípio da continuidade territorial, seja assegurado combatendo a ultraperiferia da ilha. “Quando menos esperar eu volto outra vez ao Porto Santo”, respondeu na ocasião o Presidente. “Se pensa que, quando arrancar no avião, nunca mais me vê, está muito enganado”, confirmou Marcelo Rebelo de Sousa acentuando uma antiga ligação afectiva que tem à ilha Dourada, local “onde passei tempos inesquecíveis”, contou várias vezes e deixou registada no Livro de Ouro.
Memórias acentuadas pela vontade de comer a tradicional lambeca e dar um salto até à praia, onde sentiu a água do mar, para espanto de anónimos e entidades oficiais e prejuízo dos sapatos dos fotógrafos. Todos surpreendidos com a energia e afabilidade do Presidente da República.
E como nasce um museu?
A visita do Presidente da República fica também marcada pelo nascimento do novo Museu do Porto Santo – núcleo Brum do Canto. Um núcleo museológico dedicado à vida e obra do autor da obra ‘A Canção da Terra’.
“Isto nasce de uma doacção da família de Jorge Brum do Canto, de espécies documentais e objectos pessoais (cerca de 3200 espécies) que lhe pertenceram”, referiu ao DIÁRIO Francisco Clode, da Direcção de Serviços de Museus e do Património.
“O essencial da colecção vai ficar depositada no Arquivo Regional da Madeira e vai ser possível aceder online a esse espólio, a partir daqui, do Museu”, acrescentou. Um local que dá a conhecer o autor do filme rodado em 1938, que aborda o quotidiano difícil dos habitantes da ilha, marcado pelas longas secas e onde alguns habitantes participaram mesmo, como figurantes.
Porto Santo Smart Free Island
Em 2009, Porto Santo emitia em média 6,9 toneladas de CO2 por habitante. Cerca do dobro das emissões da Madeira revelou ontem Eduardo Jesus ao apresentar a estratégia do Governo para a sustentabilidade ambiental, social e económica do Porto Santo.
O secretário Regional da Economia e Turismo apontou diversas medidas, integradas no plano Porto Santo Smart Free Island e que passarão pela substituição do combustível fóssil por energias renováveis, renovação da frota do Governo, aumento da rede ciclável e pedonal, valorização dos produtos locais, entre outras. Tudo para valorizar a imagem da ilha, criar emprego, reduzir a poluição, limitar a dependência externa.
Programa ambicioso que despertou a vontade do Professor Marcelo R. Sousa intervir e a lançar dois apelos: ligação entre os órgãos de governo regional e autárquico e a inclusão das populações no projecto, para garantir o seu sucesso.
Forte apelo para “remarem no mesmo sentido”
Marcelo Rebelo de Sousa encerrou a visita à cidade do Porto Santo com uma forte mensagem política. “Celebrar a Autonomia não é fazer uma festa a pensar em 40 anos da Constituição, nessa conquista de Abril”, referiu, “a Autonomia faz-se todos os dias. Todos os dias a pensar no futuro.”
Uma mensagem de esperança na participação de madeirenses e porto-santenses em novas iniciativas económicas, sociais e culturais, “independentemente das suas ideologias e orientações partidárias ou outras”. Um apelo insistentemente repetido “a remarem no mesmo sentido e a quererem levar a Autonomia mas longe e mais próximo das populações”.
Afirmar, por um lado a alegria com que aqui estive e que daqui vou partir, olhando e vendo o que é verdadeiramente a Autonomia.
Vem aí um novo hotel
A inauguração da nova unidade hoteleira do Grupo Pestana – Hotel Pestana Ilha Dourada, foi a ocasião escolhida para avançar com o anúncio de construção de um novo empreendimento hoteleiro. Uma unidade, ecologicamente sustentável, que o maior grupo hoteleiro português pretende implementar até 2018 e que dará origem ao quarto hotel do Grupo, no Porto Santo.
Oportunidade para Miguel Albuquerque apresentar o aumento de procura do destino Porto Santo, onde, anunciou, “há sinais de overbooking para o Verão”.