O Presidente da República manifestou-se hoje convicto de que a saída do Reino Unido da União Europeia não põe em causa os interesses de Portugal e dos portugueses a viver e trabalhar naquele país.
Numa nota divulgada na página da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa afirma ter a “convicção de que os interesses de Portugal, bem como os dos portugueses a viver e a trabalhar no Reino Unido, continuarão a ser prosseguidos não obstante esta decisão”.
“Seguirei em todo o caso com grande atenção o evoluir da situação e posso assegurar que Portugal não deixará de apoiar os nossos compatriotas e lusodescendentes no Reino Unido, país ao qual nos ligam sete séculos de história de uma aliança sem par”, acrescenta o chefe de Estado.
Marcelo Rebelo de Sousa refere ainda que “ao fim e ao cabo, o Reino Unido continua a ser, cultural, economicamente e em termos de paz e segurança, um país europeu”.
Ontem, num referendo realizado no Reino Unido, os eleitores britânicos decidiram pela saída da União Europeia, opção que teve 51,9% dos votos.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou já a intenção de se demitir em outubro, na sequência deste resultado.
As principais bolsas europeias abriram hoje em forte queda, com a bolsa de Londres a descer perto dos 8%.
Portugueses temem futuro no Reino Unido
Hoje em dia, o Reino Unido é principal destino da emigração portuguesa. Mas depois deste referendo, tudo pode mudar e isso preocupa não só britânicos, mas sobretudo emigrantes a viver no país.
Laura Seixas é produtora e realizadora de cinema e CEO da uma companhia de produção no Reino Unido. Embora se encontre numa situação mais estável, refere ao Notícias Ao Minuto que o seu futuro é ainda “incerto”.
“Neste momento não sei mesmo [o que vou fazer]. Eu tenho aqui uma companhia de produção portanto não posso deixar tudo e ir me embora. Mas tudo vai depender das negociações agora e se este ódio pelos imigrantes é só passageiro”, afirma a portuguesa de 25 anos, que considera que o resultado da votação do Brexit é o resultado “infelizmente” de “grande ignorância da parte dos eleitores” e por “motivos racistas”.
“Hoje de manhã a caminho do trabalho já tive uns ingleses a abanar a bandeira inglesa (ironicamente não a do Reino Unido) a celebrar a saída e a dizerem para ir para casa”, conta a jovem que admite que “ninguém quer ficar num país em que não é bem-vindo”.