O Presidente da República defendeu um reforço da participação política dos emigrantes, sem especificar em que termos, e afirmou que a celebração 10 de Junho fora de Portugal é para repetir e “deve ficar institucional”.
Falando em seu nome e do Governo, Marcelo Rebelo de Sousa declarou: “Nós estamos atentos ao reforço da participação política dos nossos compatriotas espalhados pelo mundo na política portuguesa. E faremos tudo para que esse reforço se dê mais vezes, mais intensamente”.
O chefe de Estado falava durante uma cerimónia em Champigny-sur-Marne, nos arredores de Paris, perante centenas de emigrantes e lusodescendentes, a quem assegurou que “quer o Presidente da República quer o Governo estão atentos aos novos problemas das comunidades portuguesas”, incluindo o ensino da língua portuguesa.
“E foi bom ouvirmos o compromisso do Presidente da República Francesa [François Hollande] quanto ao apoio à língua portuguesa em França”, considerou, com o primeiro-ministro, António Costa, sentado ao seu lado.
No final do seu discurso, Marcelo Rebelo de Sousa frisou que as comemorações, inéditas, do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas fora do país são para repetir.
“É bom que os portugueses que vivem no território físico de Portugal se habituem a admirar e a homenagear os que vivem fora desse território, porque esses são tão ou mais importantes do que eles. É bom que se habituem, porque isto não é uma vez sem repetição, é o começo de uma prática, que deve ficar institucional”, disse.
A celebração do 10 de Junho sempre no território nacional “acabou, porque não pode ser assim”, reforçou o Presidente da República.
“Portugal quer reconhecer aos seus emigrantes o lugar mais alto”
Por sua vez, o primeiro-ministro, António Costa, comparou a história da emigração para França com a aventura dos navegadores portugueses que partiram à descoberta do mundo, considerando que “não é menos extraordinária, menos brilhante nem requereu menos coragem”.
“E nem sempre os emigrantes portugueses tiveram em Portugal o reconhecimento que lhes era devido. E eu sei que há um misto de amor e de amargura, de saudade e de tristeza, de vontade de regressar, mas ao mesmo tempo impossibilidade de esquecer a razão por que partiram”, considerou.
António Costa acrescentou que a presença do Presidente da República hoje em Champigny significa que, “de uma vez por todas, Portugal quer reconhecer aos seus emigrantes o lugar mais alto que lhes é devido na honra e na glória dos portugueses que, pelo mundo, souberam engrandecer o nome de Portugal”.
Nesta cerimónia ao ar livre, em Champigny, foi inaugurado um monumento em homenagem ao antigo autarca comunista francês Louis Talamoni, que se empenhou na melhoria das condições dos portugueses que ali viviam, em barracas, nos anos 60 e 70.