A língua portuguesa está a crescer como alternativa de aprendizagem no sistema curricular da Venezuela, considerou, na quarta-feira, o coordenador do ensino de português no país, Rainer Sousa.

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A “Venezuela quer falar português” por isso “é prioridade formar um corpo docente para responder a procura” que “vai continuar a crescer nos próximos anos”, afirmou, na quarta-feira, por ocasião das celebrações locais do Dia Mundial da Língua Portuguesa, que incluíram um concerto de “Fados e Bossa Nova” com a cantora luso-venezuelana Iliana Gonçalves.

“O interesse por este idioma tem vindo a impor-se como uma alternativa de aprendizagem de outra língua estrangeira. A Coordenação tem trabalhado, nos últimos dois anos, para que este interesse possa vir a crescer ainda mais e para que a comunidade educativa veja as vantagens de aprender um idioma que é próximo do castelhano e que oferece múltiplas oportunidades no mundo globalizado”, explicou.

Por outro lado, o responsável precisou que a pandemia da covid-19 no país “não tem sido impedimento para avançar no ensino e na difusão do português no território venezuelano”, apesar dos vários desafios a serem ultrapassados com “formações à distância com especialistas de ensino virtual”.

“A pandemia tem levado os professores, associações lusas e outras instituições a criar as suas plataformas, com os seus próprios conteúdos, na difusão do idioma na Venezuela. É o caso da Fundação Camões de Valencia, em Carabobo, que criou a sua própria página web, e de outras mais que, através de recursos da internet avançam com as aulas”, explicou o professor.

As comemorações do Dia Mundial da Língua Portuguesa na Venezuela estão revestidas “de profunda relevância, por o português e o espanhol serem línguas irmãs e próximas”, disse.

“No território venezuelano, há uma vasta comunidade portuguesa que data dos tempos da colónia e que deixou uma profunda marca na cultura do país” e “também porque a Venezuela partilha fronteira com o Brasil, o maior país lusófono do mundo”, acrescentou.

O embaixador de Portugal em Caracas, Carlos de Sousa Amaro, lembrou que “o português é um idioma com muitos passaportes (…) falada por mais de 265 milhões de pessoas, sendo o idioma mais usado no hemisfério sul”.

Atualmente, “O português é a quarta língua mais falada no mundo, e também é língua oficial de 33 organizações internacionais, entres as quais se encontram a União Europeia, a União Africana, a OEA, o Mercosul”, disse.

O diplomata precisou que o idioma português é também “ensinado em muitos países do mundo”, presente em “cinco continentes” e é considerado uma “língua pluricêntrica, isto é, não tem uma norma única e falada numa ampla zona geográfica”.

“É idioma oficial em Angola, Brasil, Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe, Moçambique, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Timor Leste e Portugal (…) existem importantes comunidades lusófonas no mundo como Macau na China, e Goa, Damão e Diu na Índia, ainda em Baticola na costa do Sri Lanka, na ilha indonésia de Flores, em Malaca na atual Malásia e no Principado do Luxemburgo”, acrescentou.

Sousa Amaro frisou que o português “é considerado como o idioma da primeira globalização da era moderna, partícipe de um grande encontro de culturas e civilizações, convertendo-se na língua da recém-criada economia mundial e do fluxo bidirecional de ideias, filosofia e de produtos culturais”.

“O português deixou a sua marca, direta e indireta, em numerosas outras línguas de todo o mundo e também recebeu a influência de muitas delas, trazendo consigo novas palavras, concretamente as europeias”, disse.

Em 2019, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) declarou 5 de maio como Dia Mundial da Língua Portuguesa.