No dia em que chegaram ao país mais 31 refugiados, o comissário europeu para as Migrações relembrou que crise dos refugiados "é um problema pan-europeu". O comissário europeu para as Migrações disse em Lisboa, esta terça-feira, que Portugal está a enviar um “sinal aos restantes países europeus sobre o que significa a solidariedade”.
“Em nome da Comissão Europeia quero exprimir gratidão e parabéns ao Governo e ao povo português por abrirem os seus corações e portas, recebendo estas pessoas desesperadas que procuram refúgio na Europa”, disse no aeroporto de Lisboa Dimitris Avramopoulos em declarações aos jornalistas, acompanhado pela ministra da Administração interna, Constança Urbano de Sousa, depois de receberem um grupo de 31 refugiados, na sua maioria sírios, provenientes da Grécia.
“Quando falamos de solidariedade na Europa, Portugal demonstra o que significa de facto”, sublinhou o comissário, que durante a manhã participou no lançamento do Relatório Europeu sobre Drogas 2016, e na etapa final da deslocação a Lisboa foi recebido pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Países como Portugal estão hoje a enviar um sinal aos restantes países europeus sobre o que significa de facto a solidariedade”, insistiu, após reconhecer as “dificuldades” em torno deste processo e os “resultados muito pobres” registados até ao momento no processo de acolhimento de refugiados no espaço europeu.
Dimitris Avramopoulos escolheu Lisboa para, de forma simbólica, enviar uma “mensagem” aos restantes Estados-membros da União Europeia (UE), em particular aos que adotaram políticas migratórias muito restritivas na sequência da “crise migratória” iniciada em 2015, e que prossegue.
“Se posso enviar uma mensagem aos restantes Estados-membros da UE a partir de Lisboa, é que pensem, sintam a atuem à maneira europeia, de acordo com os princípios da solidariedade e responsabilidade”, disse.
A Europa está a trabalhar arduamente e a Comissão adotou uma política migratória comum. Mas para aplicar esta política, é muito importante que todos os Estados-membros façam parte dela. Não há caminhos isolados na Europa, estamos juntos, trabalhamos em conjunto, decidimos em conjunto, devemos aplicar as medidas em conjunto”, reforçou.
O responsável europeu sublinhou a urgência em pôr termo ao “drama” dos refugiados, e destacou os “primeiros sinais positivos” do acordo migratório UE-Turquia, em vigor desde 20 de março, que reduziu substancialmente os fluxos de migrantes no Mediterrâneo oriental e “tem de ser aplicado na totalidade”.
“É preciso não esquecer que estamos a falar de refugiados. Estas pessoas precisam de proteção internacional e é nosso dever moral e político recebê-los. Este é o espírito que prevalece na política adotada pela Comissão europeia nos últimos meses”, assegurou Avramopoulos.
O comissário de nacionalidade grega e ex-diplomata assinalou ainda que a questão dos refugiados não deve ser restringida ao sul da Europa, a região do continente mais atingida pelos contínuos fluxos migratórios.
É um problema pan-europeu, com uma dimensão global. A mobilidade humana vai definir o nosso século. Devemos estar bem preparados. Atualmente, em todo o mundo, há cerca de 55 milhões de pessoas que fugiram de guerras, detenções, perseguições. E tentam encontrar um local seguro”, frisou.
“Todos na Europa devem adotar, apoiar e aplicar [os princípios europeus]”, insistiu. “E isso é a mensagem que Portugal está a enviar hoje, um sinal para o resto da Europa”.