Dia 30 de novembro deverá ter lugar o último voo especial de facilitação entre a Venezuela e Portugal, com o envolvimento direto do Estado português. Um dia antes, de Lisboa para Caracas, segue também um grupo de passageiros que precisa regressar à Venezuela.
Segundo dados recolhidos pelo JM em Caracas, o Consulado-Geral de Portugal está novamente empenhado na organização do voo de regresso a Portugal, marcado para o último dia deste mês, segunda-feira 30 de novembro. A iniciativa liderada pelo cônsul-geral Licínio Bingre do Amaral visa “única e exclusivamente levar os cidadãos portugueses, e outros cidadãos de países da União Europeia com residência legal e comprovada na Europa, ou que necessitem efetuar tratamento médico em Portugal.”
O custo de cada bilhete de avião é de 836 euros. “A todos os passageiros que se dirigem a Lisboa que não apresentarem um teste PCR efetuado 48 horas antes do embarque será feito um teste PCF à chegada ao Aeroporto de Lisboa com um custo de 100 euros”, adverte uma nota do Consulado-Geral de Portugal em Caracas. Aos passageiros em trânsito para outros destinos – como é exemplo principal os que viajam para a Madeira – será efetuado um teste à chegada ao destino final.
As inscrições estavam abertas até ontem. Devido ao elevado número de interessados no voo Caracas-Lisboa, o Consulado-Geral de Portugal estava a solicitar o envio do dados de cada passageiro com a maior brevidade possível, sendo indispensável apresentar, para além dos habituais documentos de viagem, os comprovativos de residência em Portugal ou noutro país da União Europeia. Era também necessário indicar a cidade onde se encontram atualmente na Venezuela, bem como os contatos pessoais.
“Será dada prioridade aos passageiros que já se encontram em lista de espera nos Consulados Gerais portugueses na Venezuela”, destaca o serviço supervisionado por Licínio do Amaral. “Apenas serão abertas exceções para novos passageiros que apresentem comprovada urgência nesta viagem por motivos de tratamento médico.”
Regressar à Venezuela
A operação montada pelo Consulado-Geral de Portugal está a ser acompanhada de muito perto pelo Governo Regional da Madeira. Rui Abreu, diretor regional das Comunidades e Cooperação Externa, salienta ao JM a importância também do voo Lisboa-Caracas, a 29 de novembro, no qual embarcará um grupo significativo de emigrantes e luso-venezuelanos que, por razões diversas, precisam regressar à Venezuela.
Os passageiros que saem de Lisboa para terras bolivarianas e que ainda não efetuaram essa reserva para o voo do domingo 29 de novembro, devem contatar com urgência o Consulado da Venezuela no Funchal.
“Não teríamos necessidade de recorrer a este tipo de voos de facilitação de mobilidade, se os voos regulares fossem retomados tal como estava previsto”, salvaguarda Rui Abreu. “Uma vez que o Governo Venezuelano prorrogou a restrição do seu espaço aéreo até fevereiro de 2021, então foi necessário organizar mais este voo.”
O diretor regional salienta o facto da mobilidade aérea com a Venezuela ter estado “fortemente reduzida” durante este ano. “Em circunstâncias normais teríamos tido 80 voos nos últimos dez meses, mas só tivemos quatro voos especiais. Passámos dos habituais dois voos semanais para apenas quatro voos em dez meses.”
O representante do Governo Regional da Madeira refere ainda que os voos que terão lugar a 29 e 30 de novembro “não são voos de repatriamento”, sendo sim “voos especiais de facilitação”, atendendo às circunstâncias que condicionam atualmente o tráfego aéreo em todo o mundo.
Recorde-se que a transportadora aérea nacional, TAP, tinha nos seus planos a retoma dos voos para Caracas ainda este ano. Contudo, uma diretiva das autoridades aeronáuticas da Venezuela prolongou, a 10 de novembro, o encerramento de todos os aeroportos do país até 11 de fevereiro de 2021, com exceção dos voos dos “países irmãos da Venezuela” (Turquia, República Dominicana, México, Irão e Panamá).