O diretor regional das Comunidades e Cooperação Externa, Rui Abreu reuniu esta quarta-feira por videoconferência com os Conselheiros da Diáspora Madeirense em Jersey, no Canadá, e nos Estados Unidos, dando continuidade ao ciclo de reuniões que permite saber como se encontram as comunidades nos vários países de acolhimento.

Contactado pelo DIÁRIO Rui Abreu disse que durante a videoconferência foi abordada a realização do Conselho da Diáspora Madeirense, que está marcada para janeiro de 2021. “Se não houver um número de conselheiros suficiente em janeiro, porque não conseguem viajar devido à pandemia, vamos pensar numa alternativa, através das tecnologias que temos ao dispor”, anunciou o governante.
João Carlos Nunes, conselheiro da Diáspora em Jersey, o primeiro a falar neste encontro, começou por lembrar que desde o início da pandemia, registaram-se 366 casos positivos na ilha do Canal, e que “infelizmente” houve 32 óbitos, mas nenhum pertencente à comunidade madeirense.
No que respeita ao número de infeções e óbitos, o conselheiro constatou que em Jersey não estão tão bem como na Madeira, aproveitou para elogiar as medidas tomadas pelo Governo para travar a expansão da pandemia na Região. “Temos de louvar a Madeira, e todo o esforço que os governantes da Região fizeram para que o contágio não se alastrasse”, enalteceu.
Rui Abreu informou que “Jersey contactou a Madeira para saber qual o sistema que estávamos a implementar”, com o conselheiro a transmitir que quando os passageiros chegam à ilha do Canal fazem o teste à covid-19. “O sistema é idêntico”, disse João Carlos Nunes.
João Carlos Nunes informou que o governo local “tem feito um bom trabalho”, através da implementação de medidas de apoio às empresas e às pessoas que ficaram sem emprego. “O apoio é de 80% para as empresas que têm menos 30% de faturação face ao período homólogo do ano anterior e as pessoas também são apoiadas em 80%”.
No sector do Turismo, “entram turistas em Jersey vindos de alguns aeroportos em Inglaterra, uma vez que os outros estão encerrados. Temos o voo direto semanal Jersey – Funchal – Jersey, e a viagem semanal de barco de França que é muito restritiva em termos de número de passageiros.”
Pela voz do conselheiro Leonel Rodrigues, o diretor da DRCCE ficou a par daquilo que se passa com a comunidade madeirense estabelecida nos Estados Unidos da América. “Em termos pandémicos não está bom, são 50 países dentro de um só”, disse, referindo-se aos 50 Estados norte-americanos, cada um com as suas próprias regras para fazer face à covid-19. “Nos Estados Unidos houve novamente um aumento no número de casos. Ontem foram mais 26.000 novos casos. Há avanços e recuos”, afirmou, dizendo que a esperança reside numa vacina eficaz que permita travar o avanço do vírus e retomar a normalidade.
A atividade económica norte-americana está toda aberta, informou Leonel Rodrigues, sublinhando que a comunidade cumpre com as regras sanitárias.
Do Canadá vêm noticias mais animadoras. O conselheiro José Assunção Rodrigues comunicou que “o país tem estado muito estável na crise pandémica” e que “neste momento está na fase 3 do desconfinamento”.
“Para um país com 37 milhões de habitantes, temos a registar cerca de 600 a 700 de novos casos de novas infeções, e a lamentar um total cumulativo de 9.000 óbitos, números baixos, quando comparados com outras realidades”, justificou.
O governo canadiano, que ainda mantém encerrados cinemas, teatros e recintos desportivos, tem apoiado as empresas em 70%, referiu, sublinhando que a indústria automóvel é aquela que mais apoios tem tido por parte do governo canadiano. “Não parámos de produzir. Produzimos seis dias por semana”, o que significa que o impacto económico no Canadá também é baixo. No entanto mostrou-se preocupado com os pequenos comerciantes que em época de verão têm os estabelecimentos com esplanadas cheias, mas que no inverno não terão esta possibilidade de manter as esplanadas abertas devido ao clima.
O Turismo, por seu turno “está completamente fechado” e “as fronteiras estão encerradas. Estas só são abertas em casos excecionais, para abastecimento ou em situações de emergência e de saúde”.
José Assunção Rodrigues mencionou que a comunidade madeirense no Canadá é muito ativa. “Não se se registaram casos de desemprego dentro da comunidade madeirense, que continua a produzir seis dias por semana”. Da mesma forma também “não há registo de óbitos nem de madeirenses infetados.”
Apesar dos números animadores, o conselheiro admite que os madeirenses têm receio em viajar do Canadá para a Madeira, devido ao perigo de contágio durante as deslocações.
Rui Abreu referiu que “em plena pandemia, a falta de confiança é normal”, sublinhando que “a confiança se adquire em função da evolução da pandemia, e do avanço das vacinas”.

Canadá e EUA criticam serviços da TAP e SATA
Durante a videoconferência, as companhias aéreas da TAP e a da SATA foram alvo de várias críticas por parte dos conselheiros dos Estados Unidos e do Canadá. “Há muitas queixas das comunidades portuguesas”, apontaram Leonel Rodrigues e José Assunção Rodrigues, criticando “a alteração de horários, marcação e remarcação de viagens sem aviso prévio, e a má qualidade do serviço prestado, quer pela TAP, quer pela SATA”.