A primeira visita oficial de Marcelo Rebelo de Sousa à Madeira no dia da Região (1 de Julho) será afinal de dois dias e vai passar também pelo Porto Santo (a 2 de Julho). A informação foi avançada pelo presidente do Governo Regional da Madeira, ontem em Lisboa, depois de um encontro com o Presidente da República em Belém, onde foram acertados os detalhes da visita que estava ‘apalavrada’ ainda antes de o Chefe de Estado tomar posse.
“Deixa-nos bastante satisfeitos”, afirmou o líder insular, depois de uma reunião de 30 minutos.
No encontro, Miguel Albuquerque falou ainda situação nos portos, assumindo que a Madeira e os Açores são bastante prejudicados pela situação, que “independentemente das questões laborais dos trabalhadores” não se pode repetir. O presidente do Governo Regional revelou que os serviços mínimos são insuficientes e deu como exemplo a situação dos medicamentos urgentes ou com validades curtas. “O que é fundamental é levar em linha de conta a situação de excepcionalidade das regiões autónomas no que diz respeito a abastecimento de bens essenciais, como medicamentos, perecíveis, porque nós importamos muito do que consumimos, e para nós o transporte marítimo é essencial”, afirmou. “Ainda esta semana tivemos de solicitar à Força Aérea o transporte de medicamentos urgentes através de um avião militar”, lamentou.
Venezuela preocupa
Outro tema em cima da mesa foi a situação na Venezuela. Miguel Albuquerque disse que era importante os consulados entrarem em contacto com as instituições de imigrantes que estão no terreno de forma a acudir os seus concidadãos. “É importante os nossos consulados e a nossa diplomacia estarem atentos no apoio social aos nossos compatriotas”, declarou Miguel Albuquerque, no final de uma audiência no Palácio de Belém, referindo que falou neste assunto com o Presidente da República e que já fez esta sugestão ao secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro.
Miguel Albuquerque disse que muitos desses “centros portugueses” espalhados pelo território da Venezuela são “instituições de beneficência”. No seu entender, essas “instituições de solidariedade” devem ser aproveitadas para, em contacto com os consulados portugueses, lhes prestarem “informação sobre as famílias mais carenciadas”, para que estas sejam apoiadas socialmente. “É importante, uma vez que há uma grande dispersão da nossa comunidade no país”, salientou. Questionado sobre a grande proximidade ao Presidente - Miguel Albuquerque já reuniu com Marcelo dois vezes desde que este foi eleito, para além de ter participado em duas reuniões em Belém, levando-lhe assuntos que são de Governo, o governante insular revelou que a Região tem boas relações institucionais quer com Belém, quer com São Bento.
Madeira deve ser estratégica no Atlântico
O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, repetiu ontem em Lisboa aquilo que já tinha afirmado na Madeira no Dia do Empresário: Portugal tem de se virar para o Atlântico e a Madeira tem um papel preponderante. “A região está numa posição central para a afirmação atlântica de Portugal”, disse.
O líder insular falava no o V Encontro ‘Triângulo Estratégico: América Latina-Europa-África’, organizado pelo Instituto Português de Desenvolvimento da América Latina (IPDAL), presidido pelo deputado madeirense do PSD, Paulo Neves e que contou com a presença do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na sessão de abertura e ainda com os ministros do Mar, Ana Paula Vitorino, e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, durante os dois dias de trabalho em Lisboa.
Na opinião de Miguel Albuquerque, um dos oradores no encerramento, a Madeira “pode constituir-se como um arco para a captação do investimento, para o posicionamento e difusão das empresas em todas as áreas, de conexão entre os continentes norte e sul-americano, o Magrebe e África”. Acredita mesmo que o futuro da Europa passa por deixar de depender do gás da Rússia e passar a depender dos EUA e que Portugal será uma porta de entrada.
Albuquerque opinou ainda que “o porto de Sines pode ser determinante [para as relações comerciais] com os Estados Unidos”, vincando que a Madeira reúne as “condições para funcionar com um ângulo de internacionalização da economia portuguesa e da economia europeia no espaço Atlântico”. “Sete dos portos de entrada são na Península Ibérica”, frisou ainda.