A videoconferência realizada ontem por Rui Abreu, diretor regional das Comunidades e Cooperação Externa, reuniu José António Gonçalves, pela Europa, José Luís Silva pela África do Sul, Leonel Teixeira pelos EUA, e Aleixo Vieira, pela Venezuela. Nesta reunião, o diretor regional procurou inteirar-se da situação atual destas comunidades e como está a ser vivido um momento de pandemia mundial um pouco por toda a comunidade.

José Luís Silva foi o primeiro a falar, afirmando que o ‘lockdown’ “tem sido penoso”. “Tenho observado campos ‘squatter’ (bairros de lata Com muitas pessoas de raça branca), algo que pode vir a atingir a comunidade madeirense”. Nesta reunião, afirmou também que, para certa parte da comunidade, “este tempo tem sido uma tortura”, lamentando que “alguns negócios que estão encerrados muito provavelmente não voltarão abrir”.
Tempo de introspeção
O madeirense deixa ainda um alerta dizendo “ser tempo de fazer-se uma introspeção “, pois considera que “o consulado em Joanesburgo tem de ter um diálogo construtivo com todas as pessoas”.
O conselheiro pela África do Sul propôs a existência de uma assistente social no Consulado, de modo que “a missão seja cumprida”.
“É preciso maior proximidade”, alerta, dando o seu exemplo: “Agora peço para aqueles que não têm algo, que poderia ser oferecido por uma assistente consular”. A terminar, insiste na necessidade “de assistentes sociais para irem ao terreno”.
A TAP mereceu ainda um reparo, uma vez que a ligação existente foi terminada. Apesar disso, a companhia aérea anúncio em março passado que iria retomar as ligações diretas entre Portugal e África do Sul, mais precisamente entre Lisboa e a Cidade do Cabo - algo que se espera – confirme-se, apesar das complicações que a pandemia mundial vai trazer a todo esto setor.
Festas canceladas
Leonel Teixeira, pelos EUA, começou por falar no cancelamento das festas do Santíssimo Sacramento em New Bedford. Grandes festas que costumam atrair mais de 400 mil pessoas. Festa esta que acabou por ser cancelada e que tem agora no dia 1 agosto 2021 nova data para se realizar.
Além disso, defendeu que os EUA têm uma dimensão à parte que “apesar de serem o país com mais mortes pelo covid-19”, o número de mortes em proporção “coloca-os um pouco mais abaixo esta classificação”.
Falou também no poder que existe em cada Estado, onde a governadora do Estado da Califórnia “é muito autónoma” dando como exemplo “a proibição da entrada de veículos com matrícula nova-iorquinos no Estado”.
A terminar, afirmou que estes tempos são de paciência e que a comunidade “está aguardar para que a situação melhor.”
Números animadores
Seguiu-se José António Gonçalves pela Europa, que começou por dizer que “os números na Bélgica são animadores, o que mostra que a situação está aparentemente controlada”. Além disso, “as consultas e operações estão de regresso, mas não foram retomados os restaurantes, cafés e bares, com a decisão de ficar para o dia 8 junho.”
Como havia feito num anterior contacto com o JM, voltou a elogiar “o trabalho de aproximação a Direção Regional das Comunidades e Cooperação Externa”, afirmando que “a forma como a Madeira está a lidar com a pandemia deveria merecer uma maior divulgação e mais mediatismo.”
Em relação às visitas dos imigrantes no verão, admite que “quem está bem de saúde e preparado para desejar poderá visitar a ilha da Madeira mas sempre com algumas cautelas e cuidados “, pedindo para que, quem se encontre doente ou debilitado “se mantenham onde está, não colocando em causa a capacidade de resposta do SESARAM.”
Aumento de casos
Aleixo Vieira, pela Venezuela, debruçou-se sobre o grande aumento de casos de infeção por covid-19 no país, nas últimas duas semanas. Atualmente são à volta de mil os casos positivos, explicando que os mesmos se devem ao grande número de venezuelanos que estão a regressar por via terrestre desde a Colômbia e o Brasil. Aleixo Vieira explicou, ainda, que para contrariar esta situação, a Venezuela está a isolar estas pessoas durante 18 a 20 dias de modo a prevenir possíveis contágios.
Como já adiantado ao JM, explicou que os madeirenses estão na linha da frente em termos de atividades comerciais, sejam nos supermercados, padarias, mercados ao ar livre, e que os mesmos cumprem o seu dever, ainda que com horários mais reduzidos.
O estado de emergência na Venezuela prolonga-se até meados de junho e em relação as preocupações com as ligações aéreas, foi abordado o voo de regresso de vários portugueses (com madeirenses entre eles) que o JM noticiou ontem, e a questão da TAP, e do seu possível regresso às operações em terras venezuelanas.
Em relação a estas últimas questões, Rui Abreu esclareceu que já tinha falado com a secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes, e continua a aguardar uma resposta.

in JM-Madeira 28.05.2020