Briget Rodrigues, é filha de pai madeirense e trabalha na Northam Platinium Eland Mine, uma empresa do ramo do minério na África do Sul. Está na empresa desde novembro de 2017 e é a diretora de Controlo de Estratos no Departamento de Engenharia de Rochas. A lusodescendente explica-nos que o seu trabalho implica que “eu forneça suporte no local para o pessoal de mineração e também para o meu chefe”.
A lusodescendente conhece bem a Madeira, através da família do seu pai, Agostinho Rodrigues, um profissional da banca que há muitos anos se fixou na África do Sul.
Nova era chegou
Bridget contou-nos o que espera para um setor onde ainda existe mais homens a trabalhar. “Acreditamos que uma nova era chegou à mineração, onde as mulheres não ocupam mais o banco de trás”, mas que tem carreiras prósperas e desempenham um papel fundamental na tomada de decisões, estão proativas e a mudar produtivamente a face da mineração no país”. A lusodescendente explicou-nos que desde o ‘lockdown’ a mina de platina onde trabalha está parada pois “todas as atividades subterrâneas foram suspensas”. Ainda assim, espera por poder “retomar em junho, quando a restrição do ‘lockdown’ cair para o nível três”.
Bridget Rodrigues explicou-nos o quão fundamental é o sector que lhe corre nas veias para África do Sul. “A indústria da mineração espinha dorsal da economia sul-africana”, especificando que “é um negócio intenso e extenso”. Com diversos “desafios a enfrentar, cada dia é diferente”. Trabalhar no subsolo “é um trabalho árduo, não há espaço para erros, tudo precisa de ser feito corretamente como na primeira vez e a segurança é a prioridade número 1”, descreve-nos a engenheira.
A lusodescendente explicou ainda que “desde que as minas nacionais foram fechadas”, apenas “alguma manutenção está a funcionar”. Ainda assim, a passagem ao nível quatro do ‘lockdown’, “permitiu que as minas fossem abertas a 50% da capacidade”.
“É importante colocar as minas a funcionarem novamente para ajudar a economia da África do Sul e fazer com que o país volte a funcionar”.
Em relação ao que se vê e sente em relação ao sentimento das pessoas para com a pandemia mundial da covid-19. “No começo sim, as pessoas estavam preocupadas “. Para Bridegt Rodrigues a situação agora é diferente. “Sinto que mais pessoas têm medo de não poder fornecer comida nas mesas para as suas famílias do que do vírus”.
Em termos pessoais afirmou-nos existirem maiores cuidados. “Mantenho-me em casa e, quando estou em público, mantenho distância social, uso uma máscara e higienizo as minhas mãos continuamente”.
A lusodescendente não entra em ondas pessimistas em relação ao poderá ser o mundo pós covid-19. “Não devemos estar preocupados, ninguém sabe como será o mundo pós-coronavírus. O mundo continuará o mesmo, as coisas mudarão? Ninguém tem essas respostas”. Brigitte Rodrigues afirmou que existe “muita incerteza”. Acreditando, ainda assim, que “levará anos para que a economia dos países se recupere.”
in JM - Madeira 19.05.2020