Comemora-se hoje, 5 de maio, o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP. Ele foi instituído em 2009, através de uma resolução do Conselho de Ministros da CPLP que expressamente recomenda "aos estados-membros, às instituições da CPLP, aos Observadores Associados e Consultivos e às diásporas dos países da CPLP, a comemoração do Dia da Língua Portuguesa, tendo em vista a sua afirmação crescente nos estados-membros e na Comunidade internacional".
Esta afirmação não tem cessado de aumentar. As últimas estimativas do Instituto Camões apontam para que haja 261 milhões de falantes de português em todo o Mundo, sendo a primeira língua falada no Hemisfério Sul e a quinta mais utilizada na Internet. O número de falantes poderá crescer até aos 380 milhões, por meados do século.
Esta língua global que é o português é uma realidade viva e dinâmica. Pertence a todos os seus cultores. É uma língua policêntrica e pluricontinental, que integra múltiplas variedades, todas de igual valor. Essa é a sua maior riqueza e a maior força. Essa é a base mais sólida do seu imenso valor cultural, comunicacional, económico e geoestratégico.
Cumprindo a resolução de 2009, Portugal promove, apoia ou participa em muitas atividades que se desenrolam, por estes dias, em torno da nossa língua comum. Fá-lo através do Instituto Camões, das embaixadas e consulados, e também das escolas portuguesas no estrangeiro, das universidades e politécnicos. Este ano, são cerca de 200 atividades, em 58 países, de todos os continentes.
Entre tais atividades, quero destacar as que se dirigem a públicos escolares, do Ensino Secundário ou Superior; as que assumem a forma de encontros com escritores, artistas e investigadores; as que proporcionam o contacto com as obras de cultura em português, da literatura ao cinema; e as que aproveitam as novas plataformas e linguagens mediáticas e digitais, para levarem a língua a todos quantos ela possa interessar.
O que é promover a língua portuguesa? É promover a sua afirmação como língua internacional, de comunicação e de negócios. É promover o seu ensino, em todos os níveis. É promover o seu uso, quotidiano e cultural. É promover a criação que se exprime em português. E é promover o diálogo e a cooperação entre todos os seus falantes, e as comunidades, nações e países que eles formam.
Eis o que dá sentido a este dia, o dia em que o leitorado e a embaixada em Santiago do Chile co-organizam uma oficina de escrita criativa, o centro de língua em Xangai patrocina um festival de poesia e música em português, o centro cultural em Vigo acolhe a antestreia de uma peça de teatro, os estudantes de português na Universidade Estatal de Relações Internacionais de Moscovo apresentam canções e danças tradicionais do nosso país. Os exemplos poderiam multiplicar-se, mas estes servem para ilustrar o essencial: que é necessário e que é possível afirmar mais o português como grande língua global, de comunicação e de cultura.
O grande poeta quinhentista António Ferreira já havia escrito: "Floresça, fale, cante, ouça-se e viva / a portuguesa língua". Pois é disso que se trata: de usar a nossa língua viva, para que ela continue a florescer.
*Ministro dos Negócios Estrangeiros