A Academia do Bacalhau de Joanesburgo mantem intacto o espírito com que a tertúlia foi criada em 1968. Sem pretender guiar-se por estatutos, associados à governação de qualquer coletividade, ou por constituições formais escritas como o fizeram o Rotary ou os Lyons, a Academia vive há quase cinquenta anos orientada pelas normas adotadas aquando da sua fundação.

 

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A chave do sucesso da tertúlia tem sido a prossecução da sua linha de direito consuetudinário, relembrada e enaltecida no convívio da passada quinta-feira, no Restaurante Adega, em Bedfordview, quando o compadre Rui Roxo rebateu uma intervenção do compadre João Faria, que reclamava um texto normativo que regulamentasse a atividade da Academia e fosse regra universal para todas as outras 56 existentes no mundo. Rui Roxo lembrou que a Grã-Bretanha é um país que vive bem sem Constituição.

Um povo que gosta do seu país tem-no no coração e passa bem sem ter uma Constituição que o imponha, vivendo com as leis que o Parlamento vai aprovando - comentou o orador, numa analogia com o que se passa com a Academia do Bacalhau, concluindo que “quem gosta da Academia tem-na no coração”. Da intervenção do compadre João Faria que, pouco presente mas com as quotas pagas, regressa agora a Portugal depois de quatro anos de atividade profissional na África do Sul, valeu a sugestão da Academia se lançar na iniciativa de publicar um livro com receitas gastronómicas de bacalhau e a abordagem do tema sempre candente da ausência de um secretariado permanente que veicule uma maior ligação entre a Direção da Academia e os compadres. Relativamente a outro livro também falado no convívio, o do cinquentenário da Academia, o presidente da tertúlia, José Contente, esclareceu que o processo da sua elaboração e publicação se encontra em curso, tendo o assunto ganho incremento durante os trabalhos do recente Congresso Regional das Academias de Africa, realizado recentemente em Maputo.

Quanto ao secretariado da Academia, José Contente adiantou que o lugar poderá ser preenchido por uma empregada da secretaria do Lar da Sociedade de Beneficência que não está a trabalhar a tempo inteiro, a qual poderia também vir a apoiar o recentemente empossado Conselho das Comunidades Portuguesas, num espaço a ser eventualmente cedido pelo Consulado Geral de Portugal em Joanesburgo. O presidente da Academia-Mãe também informou que irá ausentar-se por alguns dias, para se deslocar a Estremoz, onde em Setembro decorrerá o Congresso Mundial das Academias do Bacalhau.

Naquela cidade alentejana, José Contente terá uma reunião com o presidente da Academia local para acertar alguns pormenores do programa do Congresso. Do Alentejo, José Contente seguirá para Paris, onde participará num jogo de golfe e num jantar de convívio com os compadres da Academia da capital francesa. O presidente da Academia começou a sua intervenção por agradecer as reportagens do Século de Joanesburgo sobre as atividades da tertúlia, nomeadamente o evento mais recente que foi a bem sucedida festa de homenagem ao fundador das Academias, Durval Marques, na sua passagem por Joanesburgo depois de ter participado no Congresso Regional de Africa e nas Bodas de Prata da Academia do Bacalhau de Maputo. O vice-presidente Ivo de Sousa pediu a palavra para secundar as palavras do presidente relativamente ao Século de Joanesburgo. O compadre honorário João Carreira também interveio para agradecer a Varela Afonso a oferta do bloco de notas, quase “estenografado”, que deu origem às páginas da reportagem em honra do presidente honorário das Academias do Bacalhau. Como próximo evento, a Academia do Bacalhau de Joanesburgo terá a sua festa de aniversário no dia 11 de Junho, no salão do Wanderers Club, em Illovo, onde 400 pessoas terão a oportunidade de ouvir a cançonetista Ruth Marlene, vinda de Lisboa para os festejos do Dia de Portugal e das Comunidades a convite do comendador Mário Ferreira, de Pretória.

Para 27 de Agosto, no mesmo local, realiza-se uma festa de solidariedade a favor do Lar de Idosos da Sociedade Portuguesa de Beneficência, na qual o cartaz do espetáculo será preenchido pela atuação dos antigos membros do Conjunto musical Símbolos de Esperança. No convívio de quinta-feira da Academia na Adega, a presidente da Sociedade Portuguesa de Beneficência, Isabel Policarpo, deu conta de uma visita à enfermaria do Lar de Idosos Rainha Santa Isabel onde presenciou uma paciente a ser eficientemente assistida por duas enfermeiras, antes da chegada da ambulância que levou a doente ao hospital, apoiadas por equipamento médico doado à instituição através da Academia. Isabel Policarpo destacou o nível dos serviços prestados pela enfermaria do Lar e agradeceu, mais uma vez à Academia, o equipamento médico posto à sua disposição por um dos compadres benfeitor.

Para o próximo domingo, dia 8 de Maio, a presidente da Sociedade de Beneficência anunciou a festa do Dia da Mãe no Lar Rainha Santa Isabel e a presença no almoço, a convite do comendador Silvério Silva, do presidente da Câmara Municipal de Viseu, Dr. Almeida Henriques. O convívio de terça-feira terminou com um minuto de silêncio em memória das mães dos compadres Carlos da Silva e José Ferreira, recentemente falecidas, e com o habitual gavião de penacho depois da entoação da Marcha da Academia.

in O Século de Joanesburgo