Chega o primeiro grupo após o acordo entre a União Europeia e a Turquia. Nas próximas semanas cerca de 20 refugiados que se encontram na Turquia chegarão a Portugal. São de nacionalidade síria e iraquiana e tentam escapar à guerra que devasta os seus países.
Catarina Marcelino, Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, referiu que “nós somos o quarto país que irá receber refugiados dentro deste novo programa da União Europeia. Nós estamos na frente dos países europeus que têm aberto as portas solidariamente por causa da crise dos refugiados”, disse em entrevista à Renascença.
Várias questões sobre os refugiados em Portugal foram colocadas a Catarina Marcelino pela mesma agência noticiosa:
Quantos migrantes já estão em Portugal?
Já acolhemos até ao momento cerca de 200 pessoas no programa de recolocação e só não recebemos mais porque nos países de origem os processos burocráticos são de grande dificuldade, sobretudo os gregos têm processos burocráticos que dificultam muito a saídas das pessoas.
O país continua disponível para receber mais
Portugal continua de portas abertas para acolher cerca de cinco mil pessoas nestes programas de recolocação e outras cinco mil pessoas que oferecemos directamente à Alemanha, Suécia e à Áustria, em programas bilaterais para ajudar esses países que estão com uma pressão migratória excessiva.
Em Portugal há 41 municípios que já receberam refugiados e há mais cerca de 100 que estão disponíveis para receber estas pessoas.
Relativamente aos cerca de 200 refugiados que já estão no nosso país, qual é a informação que tem chegado relativamente à sua adaptação?
Há uma grande diversidade na adaptação ao país. Há várias nacionalidades, mas principalmente são Eritreus, Sírios e Iraquianos. Quando falamos dos Sírios estamos a falar de pessoas que falam uma língua desconhecida em Portugal, não há praticamente tradutores da língua que é o Tigrini e os restantes falam Árabe, que são línguas pouco faladas por cá.
Através do SEF e do ACM temos tentado ajudar a dar resposta a esse problema. Os jovens Sírios que vieram para Portugal ao abrigo do programa, que nós chamamos na gíria ‘Programa do Presidente Jorge Sampaio’, que promoveu junto das Universidades o acolhimento de jovens sírios. Esses jovens também se têm disponibilizado.
Do nosso lado estamos ainda a tentar desenvolver um projecto que garanta que todos tenham acesso a aprendizagem da língua o que nem sempre é fácil. Temos pessoas com escolaridade muito baixa e só falam Tigrini, mas depois também temos outros que falam inglês e têm níveis de qualificação mais elevados. A experiência tem sido muito positiva. Há já pessoas a trabalhar, a maioria quer trabalhar e procura emprego.
E as crianças estão também a integrar-se bem?
Isto é muito importante referir, as crianças que chegam são automaticamente integradas ou na escola, ou em creches quando são mais pequenas.
O Ministério da Educação integrou já todas as crianças refugiadas que chegaram a Portugal.
Podemos dizer que já saem de casa e fazem uma vida normal, aquela que não tinham no país de origem?
Temos pessoas que já conseguem fazer uma vida quase autónoma, os primeiro que chegaram foi em Dezembro, e há outras com graus de dependência maior. Há pessoas com trauma de guerra. Há historias de mulheres muito complicadas e de homens que enfrentaram cenários de extrema violência.