A oposição venezuelana anunciou na segunda-feira que mais de 100 mil cidadãos registaram-se como voluntários para participar em ações de ajuda humanitária.
“Em apenas 24 horas, mais de 100.000 venezuelanos juntaram-se como voluntários”, disse o autoproclamado Presidente interino da Venezuela aos jornalistas.
Segundo Juan Guaidó, foi criada no domingo uma Rede de Ajuda e Liberdade, centrada na “organização e mobilização” de ajuda humanitária ao país, cujo registo é feito através da página na internet www.voluntariosxvenezuela.com.
“É uma rede de cidadãos venezuelanos unidos com o propósito de ajudar nos esforços da Coligação Ajuda e Liberdade Venezuela, suportada por um conjunto de países e organizações não-governamentais, nacionais e internacionais, para responder à emergência” no país, afirmou.
A oposição venezuelana anunciou, recentemente, a criação de três centros de acolhimento de ajuda humanitária para os cidadãos que vivem na Venezuela, na Colômbia, no Brasil e numa ilha das Caraíbas.
Segundo a imprensa local, parte da ajuda humanitária já chegou a Cúcuta, na Colômbia, onde espera autorização para passar a fronteira até à vizinha Venezuela.
O Governo venezuelano tem insistido em negar a existência de uma crise humana no país e tem dito que não permitirá a entrada de ajuda na Venezuela.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
A repressão dos protestos antigovernamentais desde 23 de janeiro provocou já 40 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.
Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.