A artista inspirou-se nos produtos feitos com cortiça durante as viagens anuais a Portugal para visitar a avó.

MelanieAbrantes

A promoção da cortiça como um "material incrível" e "muito sustentável" é uma das motivações da designer lusodescendente Melanie Abrantes, que desenha peças únicas na Califórnia com a matéria-prima importada de Portugal.

A artista, que fundou a marca Melanie Abrantes Designs em Oakland, na Califórnia, produz artigos para casa com vários tipos de cortiça que são vendidos em lojas da especialidade, como a cadeia de decoração West Elm do grupo Williams-Sonoma.

"Estou a tentar mostrar às pessoas que a cortiça tem muitos formatos, utilidades e visuais, em comparação com outros materiais", disse à Lusa a designer, que está agora a tentar criar uma linha "usando as capacidades de isolamento" da matéria-prima.
A lusodescendente foi incluída na lista de 2018 dos 100 Melhores Criativos dos Estados Unidos pela revista "Country Living", que a considerou uma "cork whisperer" ('encantadora de cortiça', numa tradução livre) e que destacou o seu virtuosismo na arte de trabalhar a cortiça.

Neta de portugueses, Melanie Abrantes visita Portugal uma vez por ano, dividindo-se em visitas a Lisboa, onde reside a avó, e a produtores de cortiça no Norte. "A razão pela qual trabalho com cortiça é devido à minha herança genética", garante a lusodescendente de 28 anos.

"Todas as vezes que ia a Portugal quando era mais nova via produtos diferentes feitos com cortiça e achava fascinante, porque nem sabia que se podia fazer algo com o material", recorda.

"Os meus produtos são virados para a estética e têm um visual muito específico, mas só faço coisas úteis", disse. "Nada é puramente decorativo". As características específicas da cortiça, como a sua porosidade, ajudam ao elemento funcional das peças de design.
Os produtos são feitos com mais do que um tipo de cortiça, incluindo um tipo "cortiça-mármore", que "tem um preço mais elevado" mas leva as pessoas "a responderem bem às peças".

O custo dos artigos é um dos desafios da criadora, com etiquetas que vão até às largas centenas de dólares.

"As pessoas não percebem que a cortiça é um material muito caro que ainda é retirado à mão", argumentou, justificando com o facto de os consumidores norte-americanos estarem habituados a usar cortiça em objetos simples, como rolhas e tábuas de cozinha, cujos preços são baixos. "Tento educar as pessoas em relação ao valor da cortiça".
A artista irá mostrar o seu trabalho em maio de 2019 na New York Design Week, como parte do grupo de designers independentes JOIN Design, e está em conversações para participar no programa televisivo da NBC "Making It", que põe fazedores a criarem trabalhos manuais.

Os seus produtos estão à venda em cerca de 40 lojas nos Estados Unidos e nalgumas boutiques internacionais, incluindo Japão, França e Inglaterra.

In «Renascença»