Leonete Larisma foi uma professora que em anos transactos ensinou o Português a diplomatas sul-africanos que iam sendo colocados em países de expressão portuguesa.

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Substituindo nessas funções a compatriota Elizabete Soares, Leonete Larisma passou em Abril de 1992, na escola de línguas do Ministério dos Negócios Estrangeiros, na cidade de Pretória - onde também eram ministrados o Francês, o Espanhol e o Alemão por professores qualificados e com experiência no ramo de línguas estrangeiras, em método designado por “sugestopia”, aliás usado extensivamente e com grande sucesso na especialidade em vários outros países -, a dar aulas de Português a diplomatas sul-africanos que iam sendo colocados em países de língua oficial portuguesa. Natural de Sá da Bandeira, Angola, onde depois de concluir o antigo 7º ano no Liceu Diogo Cão, Leonte Larisma foi estudar para Coimbra, em cuja universidade se licenciou em Filologia Românica e obteve o diploma do curso de ciências pedagógicas, após o que foi colocada no Algarve, e dois anos depois, em Lisboa, para ali leccionar as disciplinas de português e francês. Em 1967, já casada, regressou a Angola, tendo como professora dado aulas nos liceus Diogo Cão, no Lubango, onde curiosamente havia sido aluna, e no Comandante Peixoto Correia, em Benguela, actividade que interrompeu em 1972, para se dedicar exclusivamente à educação de seus filhos. No ano de 1975 emigrou para a África do Sul, e em Pretória, cidade onde praticamente sempre tem residido, começou em 1984 a carreira de docente que havia interrompido, para leccionar a disciplina de Francês no “” Loreto Convent”, e a de Português em regime particular. Nos anos de 1988 e 1989 exerceu as funções de professora em língua e cultura portuguesa, na escola da Associação da Comunidade Portuguesa de Pretoria (ACPP), de cujo ensino secundário foi directora, transferindo-se em 1990 para o departamento de línguas românicas da Universidade da África do Sul (UNISA), onde se manteve em regime de “part-time” até ingressar na Languege School do Ministério dos Negócios Estrangeiros, lugar a que anteriormente se havia candidatado. Igualmente desde o ano anterior em que fora nomeada pelo TED/Departamento de Educação do então Transval, examinadora externa para as disciplinas de língua e cultura portuguesa, dos alunos que frequentavam nos anos lectivos essas escolas oficializadas, ou que eram preparados por professores particulares, Leonete Larisma traçou em linhas gerais o processo, quanto a si o mais vantajoso e com melhores resultados para os cursos intensivos que com a duração de três meses que preparava em português, aos diplomatas sul-africanos, transmitindo-lhes para além do idioma, uma retrospectiva dos principais aspectos culturais e sociais dos países para que eram designados, como mais próximos os de Angola e Moçambique que confinavam com a África do Sul. Para tal, um ambiente tipicamente português foi criado na sala de aulas, através da decoração, não faltando o bem conhecido galo de Barcelos, a típica chaminé algarvia, os belos azulejos pintados à mão, a afamada toalha de Viana do Castelo, e outros diferentes trechos portugueses, a par da música da nossa terra, ritmos e canções brasileiras e africanas, vídeos e slides, eram igualmente apresentados aos estudantes, com a dupla finalidade de facilitar a adaptação, e tornar essa aprendizagem da nossa língua mais atraente e agradável, e ao mesmo tempo contribuísse para um mais rápido rendimento do aluno. Tudo, tanto no seu gabinete pessoal, como na sala de aulas e corredor que lhe dava acesso, nos falavam de Portugal, desde os mapas aos quadros e cartazes expostos por todo o lado, não faltando inclusivamente, peças de artesanato e dos nossos trajes regionais, não faltando os típicos do nosso folclore, além de tantos outros trechos, desde o fado, aos nossos navegadores e descobrimentos, não faltando em letra destacada o “bem-vindos a Portugal”. A dra. Leonete Larisma, que como apoiante incontestável da Liga da Mulher Portuguesa na África do Sul, disso tendo dado provas desde a sua fundação na cidade de Pretória, pela comendadora Manuela Rosa, com a apresentação ao longo dos anos de palestras, em temas subordinadas a essa sua especialidade, além de monitora de cursos de Português e Francês, fazendo parte do clube do livro de literatura portuguesa ligado a essa mesma instituição de carácter feminino, que certamente em reflexão, à medida que vai avançando na idade, e como pessoa simples e honesta, deve considerar essa sua missão de valiosa e prestigiante. Orgulha-se certamente esta nossa ilustre compatriota de ter ensinado a pessoas de outras nacionalidades, especialmente a diplomatas sul-africanos, a riqueza da nossa língua e cultura, e orgulhamo-nos nós da sua competência e contributo que deu em prol do prestígio e engrandecimento da comunidade portuguesa a que pertence, radicada neste país de acolhimento.

In «O Século de Joanesburgo»