A forma como os regressados da Venezuela estão a integrar-se na sociedade madeirense tem merecido, sobretudo nos últimos dias, rasgados elogios por parte das autoridades nacionais. “A Madeira atingiu um patamar de desenvolvimento que facilita essa integração “, explica Jorge Carvalho, governante com a tutela das Comunidades. “A Madeira que estes emigrantes encontram hoje não tem nada a ver com a ilha que abandonaram noutros tempos. Não paramos no tempo, atingimos um nível de desenvolvimento que lhes permite fixarem-se, desenvolverem as suas atividades profissionais, algumas específicas como a informática, em que a Madeira oferece soluções no mercado de trabalho”.
Em declarações ao JM, Jorge Carvalho acrescenta também outra vertente importante na integração dos portugueses que regressem para a Madeira: a capacidade de resposta do sistema de Saúde.
“A Madeira apresenta hoje uma realidade próxima daquela a que esses emigrantes estavam acostumados, nalguns casos até melhor, pelo que a integração acaba por fazer-se de forma muito satisfatória”, acrescenta Jorge Carvalho.
Mais 1.500 Regressados
Há mais 1.500 emigrantes regressados da Venezuela, bem com mais 400 alunos no sistema de educativo da Madeira, comparativamente aos dados que estiveram em cima da mesa, em dezembro de 2017, aquando da reunião liderada pelo secretário de Estado das Comunidades com os secretários regionais da Educação, Saúde e Assuntos Sociais.
Esta atualização dos números esteve em foco em Lisboa, no encontro que Jorge Carvalho manteve ontem com o secretario de Estado José Luís Carneiro, no âmbito dos contatos regulares entre governos que ficaram acordados em Dezembro do que ano passado.
Tal como o JM antevira, a reunião de ontem foi também marcada pelos últimos desenvolvimentos, em Caracas, com a libertação de vários gerentes de supermercados, a maioria de origem madeirense. “Congratulo-me com essa libertação “, afirmou o governante madeirense ao JM, no final da reunião, acrescentando depois a “enorme satisfação por esses portugueses, muitos oriundos da Madeira, poderem voltar a desenvolver a sua atividade profissional”.
Compromisso Assumidos
A atualização dos números dos regressados à Madeira- no total acumulados, são já 6 mil, dos quais 4 mil estão inscritos na Segurança Social e mil crianças ou jovens matriculados nas escolas da Região – acaba por ser um dado relevante, face ao compromisso que o Governo da República assumiu em dezembro na Madeira para 2018: 1,5 milhões de euros para apoios sociais e até 1 milhão para despesas com Saúde, equivalente a um terço desses gastos.
“Esses compromissos estão a ser cumpridos”, revelou Jorge Carvalho ao JM. “Há uma conta corrente para os apoios sociais. Nas despesas de Saúde, por não teremos sistemas compatíveis, haverá um apoio efetivo após o apuramento que está a ser feito. Na Educação, o aumento de alunos foi absorvidos pela rede educativa existente e não obrigou a mais turmas nem a contratação de mais professores.
Apesar desta contabilidade relativamente à Madeira, Jorge Carvalho deixa bem claro que não há nenhum tipo de dúvidas que compete ao Estado a responsabilidade com os encargos de acolhimento aos cidadãos portugueses que decidem regressar ao seu país. “Neste caso estamos falar de portugueses que por acaso preferem regressar para a Madeira, mas que poderiam regressar para Trás-os-Montes ou para o Algarve ou para outra zona de Portugal.
Jorge Carvalho na Comitiva
Fruto da proximidade entre duas tutelas das Comunidades no Governo da República e na Madeira, Jorge Carvalho foi convidado a integrar a comitiva chefiada por José Luís Carneiro, que se desloca a Caracas no início de Outubro.
Tal como o JM já noticiara na terça-feira, o secretário de Estado das Comunidades desloca-se durante a próxima semana à Venezuela. Os direitos e garantias dos gerentes das várias cadeias de supermercados portugueses, detidos e entretanto já libertados, continuarão a ser um dos pontos da agenda do governante português, mas há outras questões que se mantêm na primeira linha das preocupações.
in JM - Edição Impressa