O embaixador Francisco Ribeiro Telles, candidato português ao cargo de secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), foi eleito para um mandato de dois anos, com início em 2019.

ProximoSecretarioCPLP

Esta decisão consta da Declaração de Santa Maria, aprovada esta quarta-feira no segundo e último dia da XII Cimeira da CPLP, que decorre na ilha do Sal, em Cabo Verde.

Os Estados-membros "elegeram o Embaixador Francisco Ribeiro Telles, indicado pela República Portuguesa, para o cargo de secretário executivo da CPLP, para um mandato de dois anos, de 01 de janeiro de 2019 a 31 de dezembro de 2020", lê-se no texto.

Na sessão plenária, todos os participantes aplaudiram a eleição do embaixador, que se levantou e agradeceu a saudação.

Francisco Ribeiro Telles irá suceder à são-tomense Maria do Carmo Silveira, cujo mandato termina no final deste ano.

Numa declaração durante a sessão plenária, o diplomata português afirmou ser "uma grande honra" ter sido proposto por Portugal para este cargo e de a sua candidatura "ter merecido o apoio dos Estados-membros da CPLP".

"Gostaria de enfatizar o meu compromisso de trabalhar intensamente para afirmar os valores e objetivos da CPLP enquanto plataforma de cooperação solidária e horizontal e de vocação global", afirmou.

A CPLP "é uma criação dinâmica que tem a sua história e o seu futuro" e, 22 anos após a sua fundação, "todos temos consciência do muito que já concretizou e do muito que continua por fazer em diferentes domínios", sustentou.

"Regresso hoje aqui a Santa Maria com a satisfação, a responsabilidade e o privilégio de poder servir uma comunidade plural, onde todos somos herdeiros daqueles que ajudaram a fundar as nossas soberanias, a consolidar as nossas independências e a projetar a nossa presença no mundo", declarou o futuro secretário executivo da organização lusófona.

"Estamos unidos por uma língua que pertence a todos na diversidade com que a usamos e a enriquecemos", acrescentou.

Ribeiro Telles cumprimentou a atual secretária executiva, a são-tomense Maria do Carmo Silveira, afirmando que "os padrões que estabeleceu e as referências que tem vindo a criar fazem desta função um desafio ainda maior".

O diplomata recordou que exerceu funções em Cabo Verde, Angola e Brasil e participou nas negociações para a independência de Timor-Leste e disse ter "a grata satisfação" de conhecer todos os países-membros da CPLP.

Durante esta sessão plenária, estavam ausentes da sala o presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, e de Moçambique, Filipe Nyusi.

Portugal assumirá no próximo biénio o Secretariado Executivo da CPLP, que funciona na sede da organização, em Lisboa, na sequência de uma proposta de Portugal.

Segundo a sucessão neste cargo, que decorre normalmente por ordem alfabética, caberia a Portugal assumir o lugar no biénio 2017-2018.

A escolha da personalidade que iria suceder ao moçambicano Murade Murargy em 2017-2018 no secretariado executivo da CPLP causou mal-estar na comunidade, depois de alguns países terem invocado a existência de um "acordo de cavalheiros" segundo o qual Portugal abdicava de ocupar este cargo por acolher a sede da organização em Lisboa.

Durante uma reunião dos chefes da diplomacia da CPLP em Lisboa, em março de 2016, o Governo português cedeu a vez a São Tomé e Príncipe - o país que se seguiria a Portugal -, ficando desde logo acordado que aquele país africano abdicaria de renovar o mandato, como tradicionalmente acontece.

Na ocasião, o ministro dos Negócios Estrangeiros português explicou que propôs então que São Tomé tomasse o lugar de Portugal à frente do secretariado executivo para evitar que um país africano ficasse pela primeira vez na história da organização afastado dos órgãos decisórios da comunidade, uma vez que o Brasil teria então a presidência.

São Tomé indicou então Maria do Carmo Silveira, que assumiu o cargo de secretária executiva em janeiro de 2017.

Durante a XII conferência de chefes de Estado e de Governo da CPLP, que decorreu entre terça-feira e hoje, Cabo Verde assumiu a presidência rotativa da organização, por um período de dois anos, e com o lema "Cultura, Pessoas e Oceanos.

Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste são os Estados-membros da CPLP.

In «JN»