O Governo português está a recolher informações sobre a situação dos supermercados de portugueses que foram obrigados pelas autoridades a baixar os preços, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
"Eu estou a recolher informação, falei com as comunidades e com empresários portugueses aqui há muito tempo radicados, designadamente do setor do comércio e da distribuição, para que na segunda-feira [hoje], todas as questões que devam ser consideradas no plano bilateral possam ser colocadas com informação", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros.
Augusto Santos Silva falava à agência Lusa em Caracas, à margem de um encontro com o cardeal local, Jorge Urosa Savino, que o governante considerou "muito útil" e que teve lugar no âmbito de uma visita de quatro dias do chefe da diplomacia portuguesa à Venezuela.
"Eu pedi a audiência ao cardeal Don Jorge, exatamente porque queria também ter o ponto de vista de quem, como a Igreja Católica, está tão presente na vida quotidiana das pessoas, num país católico como a Venezuela, e faz um trabalho social notável, porque isso permite também ter uma perspetiva sobre a situação que se vive na Venezuela, que é importante para um ministro dos Negócios Estrangeiros de um país que tem aqui uma grande comunidade residente", disse.
Durante a visita, Augusto Santos Silva reuniu-se com compatriotas nas localidades de Carrizal, Los Anacos e no Centro Português de Caracas, onde passou uma mensagem de apoio à comunidade lusa local.
"A mensagem principal é: os portugueses de Portugal estão convosco porque vocês são portugueses como nós, são descendentes de portugueses, portanto são nossos compatriotas, nós vivemos as dificuldades que vocês estão a viver, nós apoiamos no limite do que podemos, nós estamos presentes, nós preocupamo-nos e nós também intervimos junto das autoridades locais, das autoridades venezuelanas, para tentar garantir a segurança, o bem-estar, a propriedade e os negócios dos portugueses", afirmou o ministro.
As autoridades venezuelanas obrigaram 214 sucursais de 26 redes de supermercados a baixar os preços dos produtos para valores inferiores aos comercializados no princípio de dezembro.
A medida, aplicada pela Superintendência de Preços Justos (Sundde) afetou, entre outras, as redes de supermercados Central Madeirense, Unicasa, Plazas, Excelsior Gama, Luvebras, propriedade de portugueses radicados na Venezuela.
As autoridades acusam os supermercados de subir os preços de produtos que tinham em inventários e os empresários queixam-se de injustiça porque estão a ser obrigados a vender, nalguns casos, a valores inferiores aos custos.