O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa tomou hoje posse na Assembleia da República, onde defendeu consensos alargados, garantiu solidariedade institucional "indefetível" ao parlamento, e prometeu ser "de todos sem exceção".
"Portugal é a razão de ser do compromisso solene que acabo de assumir", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, no início do seu discurso de posse como Presidente da República, dirigindo-se depois ao presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, a quem garantiu uma "solidariedade institucional indefetível" entre este órgão e a Presidência da República.
"É no quadro desta Constituição - que, como toda a obra humana, não é intocável, mas que exige para reponderação consensos alargados, que unam em vez de dividir - que temos, pela frente, tempos e desafios difíceis a superar", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa perante o Governo, os deputados e mais de 500 convidados.
O novo chefe de Estado prometeu ainda ser o Presidente de "todos sem exceção", do princípio ao fim do mandato, sem querer ser mais do que a Constituição permite ou aceitar menos do que a Lei Fundamental impõe.
As palavras de Rebelo de Sousa mereceram o aplauso de pé das bancadas de PSD, PS e CDS, enquanto o deputado único do PAN aplaudiu sentado. Já os deputados do PCP, BE e PEV não aplaudiram a intervenção do novo Presidente da República.
A cerimónia da tomada de posse teve início às 09:00, quando o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, abriu formalmente a sessão e a fechou de seguida.
Às 09:35 chegou o Presidente da República eleito, que "furou" o protocolo ao chegar a pé e pela direita ao Palácio de São Bento, depois de descer a calçada da Estrela.
Marcelo Rebelo de Sousa jurou cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa, com a mão direita sobre um exemplar original de 1976, de capa vermelha e inscrições douradas, às 10:12.
No seu discurso, Ferro Rodrigues considerou que Marcelo é "o presidente certo no momento certo" e que dele se espera autonomia e "independência na ação".
Os antigos Presidentes da República Ramalho Eanes e Jorge Sampaio também estiveram presentes na cerimónia, enquanto o antigo chefe de Estado Mário Soares esteve ausente.
Dos candidatos presidenciais que disputaram as eleições de 24 de janeiro com o professor de direito, notou-se a ausência de Maria de Belém e Marisa Matias.
Após a sessão de cumprimentos, o primeiro-ministro, António Costa, disse aos jornalistas que "todos" os portugueses se podem "reconhecer" nas palavras de Marcelo.
Falando em nome do PSD, o líder parlamentar, Luís Montenegro, considerou que a intervenção do novo Presidente teve "grande sentimento de unidade nacional" e foi um discurso "muito mobilizador" para as tarefas dos políticos e de todos os portugueses.
O presidente do PS, Carlos César, elogiou o discurso, sobretudo os parâmetros em torno dos quais devem ser procurados consensos que compatibilizem finanças sãs e justiça social.
Já a porta-voz do BE, Catarina Martins, disse que o chefe de Estado "tem, em boa medida, uma visão conservadora do país, mas que tenta fazer pontes para todos os setores".
Para o presidente do CDS-PP, Paulo Portas, Marcelo soube "puxar pela autoestima dos portugueses" nas suas palavras.
O secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, afirmou que "não basta ter boas intenções, é preciso uma prática", enquanto a deputada do partido ecologista "Os Verdes" Heloísa Apolónia sublinhou o discurso "muito focado" na Constituição, esperando que tal seja uma marca da sua presença em Belém.
O dia da tomada de posse de Marcelo Rebelo de Sousa completa-se com a deposição de flores no Mosteiro dos Jerónimos, a sua entrada em Belém, uma cerimónia ecuménica na mesquita de Lisboa, a receção no Palácio da Ajuda – onde será condecorado o Presidente da República cessante, Cavaco Silva -, terminando com um concerto na Praça do Município.