As famílias da comunidade portuguesa nos EUA têm um rendimento acima da média do país, mas falam cada vez menos português, segundo os resultados do primeiro inquérito nacional sobre a comunidade.

 

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O inquérito, realizado entre agosto e outubro deste ano, tem o nome de "PALCUS Index", foi realizado pelo "Portuguese American Leadership Council of the United States" (PALCUS) e recolheu respostas de 1230 portugueses.

Segundo os resultados, a categoria de rendimento com mais portugueses é aquela que está entre os 75 mil e 99 mil dólares. O rendimento médio de uma família luso-americana é 82356 dólares (cerca de 71 mil euros) quando a média nacional é de cerca de 59 mil dólares (cerca de 51 mil euros).

Outra das conclusões do inquérito é que, apesar de os portugueses colocarem a transmissão da língua entre as questões "de maior importância", assiste-se a "um rápido declínio na capacidade de falar português de uma geração para outra".

Politicamente, os resultados mostram que os "luso-americanos estão bem integrados, têm altas taxas de naturalização" e são ativos politicamente.

"O número de luso-americanos eleitos e nomeados continua a aumentar", assegura o inquérito.

A maioria das pessoas que respondeu às perguntas tem entre 35 e 64 anos. Cerca de 68% é casada e, de entre esse grupo, 53% é casado com pessoas de outra descendência regional.

"A cada geração, a probabilidade do parceiro ser português declina", revela o inquérito.

"Um declínio entre gerações também é evidente no número de visitas a Portugal, apesar de muitos lusodescendentes indicarem que viajam para Portugal em férias, para conhecer a terra dos seus antepassados, para estudar, para traçar a sua genealogia e por outras razões", lê-se ainda nas conclusões.

Além de informação demográfica e socioeconómica, o inquérito procurou saber que temas interessam mais à comunidade, como gastam o seu tempo, esforço e dinheiro, e quão ligados estão à comunidade e a Portugal,

"Um inquérito nacional desta natureza é crítico para começarmos a perceber o que mais interessa para as nossas comunidades luso-americanas", disse a presidente da PAlCUS, Ângela Simões, numa nota enviada à agência Lusa.

"Este inquérito procura responder a questões sobre como é que as pessoas se envolvem na comunidade portuguesa, ou não se envolvem; que tipo de eventos ou atividades querem ver organizados; quão frequentemente viajam para Portugal, e se usam português nos seus empregos. Estas são as questões que não foram feitas no passado, e saber toda esta informação vai ajudar as nossas organizações a planear o seu futuro", afirmou Ângela Simões.

Nesta primeira edição, as respostas foram recolhidas apenas através da Internet, mas a organização vai expandir o processo na próxima iniciativa, prevista para 2019.

Os resultados foram tratados por Dulce Maria Scott, que leciona na Universidade de Anderson, no Estado do Indiana.

"Além dos Census, existem poucos dados disponíveis. Além disso, os Census não fazem distinção entre as varias gerações. Uma das grandes vantagens de um inquérito desta natureza é perceber os caminhos de integração entre gerações, tomados por pessoas que chegaram à sociedade americana em diferentes períodos históricos e estabeleceram-se em diferentes regiões deste vasto país", disse Dulce Scott, igualmente numa nota enviada à Lusa.

In «JN»