Faltar-se-ia à verdade se não se reconhecesse que a Região Autónoma da Madeira e por conseguinte os seus sucessivos governos regionais, constituíram e constituem um bom exemplo para o país na maneira como se relacionaram e se relacionam com as suas Comunidades espalhadas pelo mundo.

 

JoseAntonioG

 


Já antes de 1984, ano do I Congresso das Comunidades Madeirenses, o nosso saudoso Virgílio Teixeira vinha fazendo um trabalho exemplar nesta área, que serviu para abanar determinadas mentes e dar início a um relacionamento salutar entre a Região e as suas Comunidades, baseado na admiração e respeito por todos aqueles que deixaram a nossa terra com as ”mangas arregaçadas” à procura duma vida melhor.
Prova disso, foi, não só, a qualidade de muitos dos participantes no I Congresso de 1984, mas também a composição do I Conselho Permanente das Comunidades Madeirenses com elementos, alguns dos quais já do outro lado das estrelas, que ainda hoje constituem uma marca de prestigio das Comunidades Madeirenses.
Não se tratou de um mero acaso o facto de cada sessão de abertura e/ou encerramento dos Congressos das Comunidades Madeirenses ter sido presidida pelo Presidente da Republica Portuguesa de então ou, como aconteceu numa determinada altura, pelo Primeiro-Ministro de Portugal.
Também, por isso, desvalorizar o trabalho desenvolvido então e as recomendações aprovadas pelo Congresso e pelo Conselho das Comunidades Madeirenses e a sua comprovada influência no desenvolvimento de uma política de emigração regional e não só é, de uma certa forma, “ dar tiros nos próprios pés”.
Os Governos Regionais da Região Autónoma da Madeira respetivos tiveram o mérito de saber tirar proveito dos trabalhos dos Congressistas e Conselheiros, muitos deles, apresentando contribuições de qualidade elevada, tributárias de uma vasta experiência no mundo associativo das Comunidades Madeirenses e conhecimento nos mais diversos sectores de atividade.

A existência do Centro das Comunidades Madeirenses, o aparecimento do Gabinete de Apoio ao Investidor da Diáspora em 1985, a abertura da Festa do Desporto Escolar aos descendentes de Madeirenses espalhados pelo Mundo, o programa “Conhece As Tuas Origens” e muitas outras iniciativas, não menos importantes, levaram a que Conselheiros das Comunidades Portuguesas, de reconhecido mérito, citassem a Madeira como exemplo em termos de trabalho com e para as Comunidades.
Tudo na vida, como é óbvio, tem o seu tempo e houve um momento em que uma paragem se impôs para uma reflexão alargada sobre o modelo que melhor se adaptava à nova realidade das nossas Comunidades. Pena que esse interregno tenha sido demasiado longo!
O atual Presidente do Governo Regional da R.A. da Madeira tem por isso o grande mérito de ter relançado a “máquina” e de ter criado, com o apoio da sua equipa governativa e fazendo uso, em certa medida, das novas tecnologias, uma nova plataforma de contacto com as nossas Comunidades.
A iniciativa, como ponto de partida, é boa, embora consideremos que o pretendido estreitamento de laços com a Diáspora justifica um investimento que permita recolher “in loco” o testemunho de “forças vivas” no âmbito social mas também cultural e económico que, por razões várias, não se encontram na Região no momento do evento “Madeira Global”.
Há também todo um trabalho a fazer para aproximar os madeirenses ou melhor os portugueses em geral, das Embaixadas e Consulados e neste caso, como é óbvio, em conjunto com a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas.
A ideia que temos do atual Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas é de alguém abrangente, dinâmico e com vontade de deixar uma marca positiva nesta sua passagem por este pelouro. Acreditamos por isso e também tendo em conta as qualidades de quem tutela as Comunidades Madeirenses que é o momento ideal para atuar juntando forças.

In «Jornal da Madeira»