A comunidade portuguesa radicada na Venezuela quer ver reforçada a atenção do Governo de Lisboa às suas preocupações em quanto à instabilidade política e económica no país, mas essencialmente ao crescente número de portugueses carenciados.

 

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“O que preocupa todos os lusitanos, aqui, é a instabilidade política e económica, o que está fazendo com que grande parte dos emigrantes estejam a ir embora, mas também, mais que tudo na parte social, na ajuda que o Governo de Lisboa pode da a muitos carenciados que há aqui”, disse o presidente do Centro Português de Caracas.

Rafael Gomes falava à Agência Lusa no âmbito dos preparativos para um encontro com o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, previsto para hoje, naquele clube, na sequência de uma visita de quatro dias a Caracas, do governante português.

“Sempre é bom que venha um alto funcionário do Governo português. Pelo menos não nos sentimos esquecidos. É importante, para que conheça das nossas inquietudes e preocupações, mas também saber que ajuda trás à comunidade. Aqui há muita carenciada e instituições como o Lar da Terceira Idade Padre Joaquim Ferreira, que precisam de ajuda para poder ajudar”, frisou.

Por ouro lado, “há muita gente próxima” do Centro Português que está a deixar o país e a emigrar para vários países, entre eles Portugal e Espanha, na Europa.

“A maioria parte com a ideia de estar fora durante um ano e ir vendo o que acontece aqui, mas ao consegui alguma estabilidade terminam por ficar por lá (noutros países), até porque isto (a Venezuela) não se recupera de um dia para o outro”, disse.

Segundo Rafael Gomes a emigração está a dar-se principalmente entre os jovens, enquanto “a grande maioria dos pais ficam” porque têm as suas empresas e os seus negócios, que não podem abandonar.

Por outro lado o comerciante Manuel dos Santos explicou à Agência Lusa que é visível uma “quebra” na qualidade de vida da comunidade portuguesa que tem levado famílias portuguesas a passar constrangimentos e a ter que recorrer às suas poupanças para poder “sobreviver” à crise.

“Há pobreza envergonhada entre a comunidade, ou seja portugueses que não querem que se saiba que passam dificuldades económicas. Antes as pessoas viviam dos negócios, agora mantém os negócios com as suas poupanças porque se se descuidam alguém pode tentar ficar com eles”, disse.

Proprietário de um pequeno restaurante em Caracas, este comerciante de 65 anos, diz ter casos na família que tiveram que vender apartamentos e outras propriedades, para tentar viver a crise, mas que “muita gente não tem recursos e isso agrava a situação”.

“O Governo português deve criar mecanismos para poder ajudar mais a comunidade, sobretudo os mais idosos que não têm como regressar a Portugal e que se o fizessem seria uma carga para lá”, frisou.

No seu entender há uma outra situação “gravíssima” que deve ser atendida, a de portugueses que não têm acesso a medicamentos, porque são escassos e até porque não os podem pagar e precisam de tratamento médico permanente.

“A situação do país não vai mudar proximamente e há que buscar respostas para atender a situação actual”, frisou.~

In «Diário de Notícias da Madeira»