As Comunidades Madeirenses na Europa, com exceção do Reino Unido e Ilhas do Canal, são em geral Comunidades pequenas e dispersas mas, talvez por isso, admiravelmente bem integradas na sociedade dos países de acolhimento.

 

JoseAGoncalves


Apesar dos seus membros não serem muito numerosos, atingem contudo uma massa critica que lhes permite poder prestar um serviço de incalculável valor à Madeira e Porto Santo.
É bom não esquecer, que a Europa é o mercado natural para a Região Autónoma da Madeira no que ao turismo se refere e que pode, pela sua proximidade, também potenciar a procura noutros segmentos importantes da atividade económica Regional.
É verdade que muitos dos nossos conterrâneos, que vivem fora da Europa, são tradicionais investidores em diversas áreas, mas... sem consumidores e sem mercados, não há nada que resista! E é neste domínio que estas Comunidades Madeirenses na Europa podem ter um papel de destaque.
O facto da maioria dos Madeirenses que vive e trabalha na Europa, gozar duma excelente reputação e credibilidade nesses países de acolhimento, faz deles promotores de eleição, não só do destino turístico Madeira, incluindo o Porto Santo, mas também dos produtos regionais de exportação de qualidade inegável, tais como a banana, a anona, o maracujá, o peixe-espada preto, o atum, sem esquecer, embora de aquacultura, a dourada e o charuteiro e, claro, o nosso Vinho Madeira e o já muito apreciado e também medalhado internacionalmente rum agrícola da Madeira.
Muitos destes madeirenses estão inseridos, há muitos anos, nos grandes centros cosmopolitas, estando por isso bem posicionados para promover, junto de mercados sofisticados e de elevado poder de compra, a beleza e clima da sua terra de origem e o não menos importante sentido de hospitalidade do seu povo. Esta circunstância encerra um valor acrescentado face à publicidade e marketing institucional, a qual, mesmo bem conduzida, não chega, como é compreensível, a penetrar com a força e a personalização de uma recomendação individual.
Além do estreitar de laços, que se saúda, seria oportuno que, quem de direito, desenvolvesse uma estratégia para aproveitar ao máximo esta dádiva.
Porque não criar um espaço no horário nobre na RTPi – emissão Europa- para um programa “Vitrine da Madeira e Porto Santo” que sirva ao mesmo tempo para “formar” e mobilizar em termos de mensagem esses potenciais promotores pro bono?
Quem nos governa, sabe que estas Comunidades Madeirenses na Europa não procuram a Madeira para terem melhores cuidados de saúde, ensino ou outras proteções que, como cidadãos da União Europeia de pleno direito, já beneficiam nos países onde residem.
Não se servem da Madeira e do Porto Santo para terem estatuto social na Comunidade Madeirense do seu país de residência. São tão poucos...
Fazem-no apenas, por amor à sua terra e motivados por uma vontade de a ver cada vez mais desenvolvida e atrativa a vários níveis
Como o “tempo é dinheiro” não querem, com a sua colaboração desinteressada, ser figurantes mas sim verdadeiros atores. Palmadas nas costas e boas palavras não chegam. O que querem é que as suas
ideias e ou sugestões, se julgadas pertinentes, sejam não só tidas em conta mas que venham a ser concretizadas!
A função ou missão desses madeirenses é a de abrir portas. O resto, fica por conta das instituições que têm por função coordenar e executar os projetos úteis à Região.
Neste contexto, penso que, quem de direito, deveria ponderar a criação de um departamento ou célula, transversal a toda estrutura Governativa regional e afeta a uma Secretaria Regional (Assuntos Europeus ou Economia e Turismo, por exemplo), que faça o devido acompanhamento das oportunidades proporcionadas pelos madeirenses da diáspora e os “amigos da Madeira”, estes tremendamente importantes, mantendo, como é óbvio, os responsáveis por esses primeiros contactos e ou oportunidades de negócios, informados sobre o andamento dos mesmos.
A desconsideração ou o tratamento displicente duma iniciativa de interesse para a economia local ou que, duma certa forma, possa contribuir para o progresso da nossa Região Autónoma não só é desmotivante, mas também pode acabar prejudicando a credibilidade de quem investiu o seu tempo, conhecimentos e contactos no sentido de a viabilizar.
Por último, convém ainda recordar que há anos e vindo das Comunidades Madeirenses, foi feita uma recomendação para que nas Camaras Municipais da Região Autónoma da Madeira houvesse um pelouro (gabinete ou serviço) de apoio aos madeirenses residentes no estrangeiro naturais do Conselho. Essa recomendação, até mereceu figurar no programa de governo de então do partido maioritário. Insistimos nessa ideia como forma não só de contacto como para apoiar e fomentar este e outros tipos de “parcerias” com as quais a Madeira e o Porto Santo muito beneficiariam.
Assim, como os homens não se medem aos palmos, o facto de sermos uma Região pequena, não quer dizer que não tenhamos um lugar importante no contexto internacional. Isto, se soubermos trabalhar de mãos dadas fazendo a RAM chegar cada vez mais longe, pois é da união de esforços que vem a nossa força. Poucos mas bons é melhor do que muitos em ordem dispersada.
Juntos, faremos da nossa Madeira uma Região Autónoma mais forte!

In «Jornal da Madeira»