A Casa Branca anunciou na passada terça-feira que vai terminar de forma gradual com o programa que protege 800 mil jovens indocumentados que chegaram aos EUA quando eram crianças, dando um prazo de seis meses para o Congresso encontrar uma solução legal para as pessoas protegidas pelo programa.

 

IndocumentadosEUA


O Governo está a acompanhar com “calma e muita atenção” a decisão de Washington de terminar o programa que protege jovens indocumentados, insistiu o chefe da diplomacia portuguesa, que elogiou a iniciativa lançada pelo anterior Presidente norte-americano.

“Vamos aguardar com calma, mas com muita atenção, de modo a que possamos cumprir o nosso dever, que é proteger os nossos cidadãos que residem nos EUA, em particular crianças e adolescentes, que podem ser as vítimas principais de qualquer mudança inopinada na política norte-americana”, disse à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros, que participou na reunião informal do Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (‘Gymnich’), em Tallin, Estónia.

Augusto Santos Silva referiu que o processo “está numa fase muito inicial” e “ainda nem sequer está plenamente estabelecido do lado norte-americano” e, por isso, “é muito importante ainda perceber com clareza quais são as intenções e propósitos das autoridades norte-americanas”.

O governante português elogiou o programa ‘Deferred Action for Childhood Arrivals’ (DACA), criado há cinco anos pelo anterior Presidente, Barack Obama, que protege 800 mil jovens indocumentados – os chamados ‘dreamers’ (sonhadores).

O eventual cancelamento do programa deverá afetar centenas de portugueses, segundo estimativas de fontes da comunidade.

“O DACA é muito razoável, muito moderado, está muito longe de ser um processo de regularização dinâmica de imigrantes ilegais [...]. Nos critérios europeus e portugueses, é um programa muito moderado”, considerou.

A iniciativa, continuou, “procura proteger pessoas, em particular crianças e jovens, que já estão nos Estados Unidos”, nomeadamente no processo de escolarização.

“Tem ajudado à integração de pessoas na sociedade americana e isso é positivo, como aliás a tradição histórica dos Estados Unidos mostra melhor que qualquer outra”, considerou.

Questionado sobre o impacto da decisão na comunidade portuguesa nos EUA, Santos Silva comentou que “naturalmente, as pessoas têm transmitido alguma ansiedade”.

In «Revista Port»