Devido à instabilidade que se vive no país, cidadãos de nacionalidade portuguesa recorrem aos serviços para obter informações e tratar de vários procedimentos.
Longas filas e várias horas de espera. Esta é a melhor descrição para o que se tem vivido nas instalações dos Consulados Gerais de Portugal na Venezuela nos dias 31 de julho e 1 de agosto, após a eleição da Assembleia Nacional Constituinte no domingo e na sequência das declarações emitidas por diversas nações do mundo que se inferiram contra o processo.
O Consulado Geral de Portugal em Caracas, Distrito Capital, teve as suas instalações repletas de cidadãos durante os dois primeiros dias da semana. Membros da comunidade e não só ficaram surpreendidos quando passavam pela 2da avenida de Campo Alegre, no município de Chacao, e viram uma extensa fila de pessoas nos passeios junto àquele serviço consular. A finalidade era obter informações e tratar de documentação lusa.
No final do dia 1, quase 500 pessoas tinham-se dirigido à sede consular: pelo menos 300 destas para fazer os seus documentos e outros 150 para solicitar informações de diversa índole.
Passaporte, Cartão de Cidadão e Registro Civil são alguns dos processos mais solicitados, enquanto que outros cidadãos procuram informação sobre o plano de governo para o retorno dos seus concidadãos lusos, para além das opções de estudo em terras ibéricas e os programas de ajudas sociais e médicas.
Perante a ausência do Cônsul Geral de Portugal em Caracas, Luiz de Albuquerque Veloso, que está de férias, o CORREIO contactou a chanceler Maria da Graça Andrade Pereira de Sousa, que garantiu que o fluxo de gente tem sido muito elevado e que, para além disso, tem tido que lidar com falhas do sistema, o que costuma originar o incómodo de alguns utilizadores. Contudo, destacou que as pessoas que trabalham no Consulado estão muito empenhadas e fazem tudo o que é humanamente possível para agilizar o atendimento.
«Isto parece a fila para o pão. Não entendo porque é que não podemos entrar e esperar dentro do Consulado. É incómodo e um perigo que nos deixem aqui», expressou María Correia, ao mesmo tempo que era apoiada por outros cidadãos que estavam na fila em plena rua, sem perceber que a sede consular não tem capacidade para acolher o grande número de cidadãos que assistiram durante a jornada.
«Estou cá desde as oito da manhã a tentar falar com a Dra. Almeida a questão das ajudas sociais. Deveriam esclarecer melhor esta situação para saber se uma pessoa cumpre com o perfil de carenciado ou não», declarou Luis Alberto Gomes, outro cidadão que estava há mais de quatro horas à espera de ser atendido.
«Venho pedir informação sobre os documentos que preciso para ir viver para Portugal. Vim saber especificamente quais tinha que fazer», afirmou Julio Vieira, que quer ter os seus papeis em dia para emigrar para a terra dos seus antepassados perante qualquer situação de emergência que se apresente na Venezuela.
Outra das críticas de alguns cidadãos é o atraso na entrega de documentos, tal como expressou Diana Gomes. «Vim para fazer o meu passaporte porque já passaram os 45 dias, mas ainda não está pronto. Esta já é a terceira vez que venho, estão muito demorados cos os procedimentos». A contrastar com as autoridades, os documentos estão todos em dia e já não existe o antiquado sistema de marcações que tanto incomodava os utilizadores, cumprindo-se cabalmente os tempos de entrega: duas semanas para o Cartão do Cidadão e três semanas para o passaporte.
Situação semelhante foi a vivenciada no Consulado Geral de Portugal em Valencia, Estado Carabobo. Ao contrário de Caracas, as instalações consulares principais do ocidente do país não abriram na segunda-feira dia 31 de julho devido ao fecho de ruas na cidade, pelo no dia 1 de agosto tiveram casa cheia.
Fonte consular disse que, nesta sede, as solicitações mais frequentes eram as do Cartão do Cidadão e Registo Civil, garantindo que o tempo de espera pelo primeiro documento é de aproximadamente 15 dias, enquanto que o segundo tem um atraso maior.