O Vaticano considera que a eventual retoma do diálogo "sério e sincero" entre a oposição venezuelana e o Governo do Presidente Nicolás Maduro passa pela realização de "eleições constitucionais".

Vaticano eleições

A exigência do Vaticano está inscrita numa carta enviada à Iniciativa Democrática da Espanha e as Américas (IDEA - Democrática), da qual fazem parte seis antigos Presidentes da América Latina. "Uma negociação séria e sincera entre as partes, baseada numas condições muito claras, começando pela realização das eleições constitucionalmente previstas, poderia solucionar a grave situação da Venezuela e o sofrimento a que se vê submetida a população", lê-se na carta, divulgada em Caracas. No documento, o Vaticano agradece o envio de uma carta ao Papa, onde a IDEA explica o seu ponto de vista sobre a situação venezuelana, anexando duas declarações de apoio ao secretário geral da Organização de Estados Americanos (OEA), Luís Almagro. "A Santa Sé, seguindo as disposições do Santo Padre e em comunhão com a Igreja venezuelana, tem feito todo o possível, desde a posição a que foi convidada tanto pelo Governo da Venezuela como pela Mesa de Unidade Democrática (MUD, aliança opositora), para que seja alcançado um acordo político entre as partes, que concretize uma saída democrática, pacífica e viável à crise venezuelana", é referido na missiva. Na carta, assinada pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, em nome do Papa Francisco, é ainda sublinhando que "não pode haver dúvida alguma das condições às que faz referência o Papa Francisco para que seja retomada a via de uma negociação na Venezuela". "O Papa acompanha com atenção ‘os avatares' (transformações) dessa querida nação e, na medida das suas possibilidades, está tratando de ajudar a encontrar uma solução perante as graves dificuldades atuais", lê-se ainda na carta. Em 30 de Outubro de 2016, o Governo e a oposição iniciaram um diálogo, sob a mediação do Vaticano e da Unasul (União das Nações da América do Sul), que levou à criação de várias mesas de negociação. Em 12 de Novembro, o Governo e a oposição acordaram trabalhar em conjunto para a recuperação da economia e o combate à insegurança, tendo agendado nova reunião de diálogo para 6 de Dezembro, na qual a oposição não participou devido à alegada falta de cumprimento dos acordos por parte do Governo de Nicolás Maduro. Em 13 de Janeiro de 2017, a oposição também não compareceu à reunião e no dia 26 desse mês deu por encerrado o diálogo e chamou os venezuelanos a intensificarem os protestos de maneira pacífica, constitucional e democrática. Segundo a MUD, para que o diálogo seja retomado, o Governo da Venezuela terá que anunciar uma data concreta para a realização de eleições, libertar todos os presos políticos, atender urgentemente as vítimas da crise humanitária e respeitar as atribuições da Assembleia Nacional (parlamento), onde a oposição detém a maioria.

In Século de Joanesburgo