A lusodescendente Eugénie Nurit recebeu, a semana passada, a Insígnia de Cavaleiro da Ordem de Mérito de França devido ao trabalho de quase 30 anos no mercado de Rungis, o maior de produtos frescos do mundo, nos arredores de Paris.

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Chegada há 26 anos a Rungis, quando procurava um trabalho para ajudar a família, Eugénie Nurit construiu em parceria com um sócio a empresa Star Terre que fatura mais de 12 milhões de euros por ano e se tornou uma referência na distribuição de produtos biológicos vindos de pequenos produtores franceses.

Esta lusodescendente foi distinguida, na quarta-feira, 4 de novembro, com a Insígnia de Cavaleiro da Ordem de Mérito de França, numa cerimónia que aconteceu na torre de Rungis, com vista para os quilómetros de armazéns que constituem este mundo à parte, com a presença da família, mas também de Dominique Batani, diretor do mercado de Rungis.

Para Eugénie Nurit, este foi um momento de "reconhecimento": "Os meus pais chegaram a França sem saber falar francês, fizeram o seu trabalho como todos os portugueses aqui, portanto esta medalha é um reconhecimento de que os portugueses em França podem desenvolver as suas atividades. Esta medalha é o meu graal".

Agora, e depois de terminar a sua participação nesta empresa, Eugénie quer virar-se para Portugal.

"Estou a fazer uma empresa nova, dei 26 anos à França e aos produtores biológicos franceses, e agora quero fazer uma página nova, mas com os produtores portugueses. Já tenho dois encontros para a semana em Portugal para saber o que eles precisam porque aqui no mercado de Rungis não há muitos produtos biológicos portugueses", indicou a empresária, em declarações à agência Lusa.

Eugénie Nurit espera estabelecer a sua nova empresa nos próximos quatro a seis meses e, pelo caminho, dar a conhecer em França os produtos biológicos portugueses com uma marca visível em terras gaulesas.

A distinção que recebeu esta quarta-feira, segundo Pierres Flottes, presidente da Ordem Nacional do Mérito da região de Essonne, representa também um sucesso num mundo dominado por homens. "A Eugénie representa um sucesso colossal num mundo que é especialmente masculino, respeitando sempre os homens e as mulheres", disse Flottes durante a cerimónia.

O tema da paridade é também algo essencial no percurso desta lusodescendente e que ela pensa continuar a desenvolver.

"Quero criar uma associação para ajudar as mulheres a fazerem as suas empresas. Primeiro as mulheres lusófonas em França e depois quero ver se posso duplicar isso em Portugal e nos outros países de língua portuguesa. Hoje temos paridade, mas dar paridade e não dar os instrumentos para que as mulheres a saibam usar não vale nada", concluiu a lusodescendente.

In «Revista Port»