O novo ano é sempre momento de traçar objetivos e debruçar as esperanças para o novo ciclo, que se quer bom e feliz.

SonhosDaDiasporaMadeirense

Embora todos desejamos o melhor, sabemos de antemão que há contextos onde as perspectivas não são as mais animadoras, nomeadamente nos países da diáspora Madeirense, onde o ano 2018 foi caracterizado por crises e instabilidade.

Os desejos para 2019, são para os nossos “embarcados” um reduto de esperança e de interesse vital para a estabilidade de tantas famílias que vivem nos quatro cantos do Mundo.

O cenário de incerteza, talvez nunca antes vivido de uma forma transversal nos diversos países com maior expressão da nossa emigração, como são os casos da África do Sul, França, Reino Unido e Venezuela, deixam muitas dúvidas sobre o futuro.

Na África do Sul seria desejável um clima de maior pujança económica, que favorecesse aqueles que apostaram naquele país e que vivem todos os dias ameaçados pelo crime, pela instabilidade social e pelas consequências da imigração desenfreada e ilegal.

Na França, a imigração desregrada, o crescimento dos movimentos partidários da direita radical e os confrontos de rua, com o seu apogeu nos “coletes amarelos”, são indicadores de crescentes convulsões sociais e políticas, que usando meios subversivos tentam obrigar o Estado a acatar as suas reivindicações. Por isso, o que se deseja é a paz social e que contundentemente os políticos percebam os sinais dos cidadãos franceses, sem ceder a populismos que possam levar o país ao descalabro.

Por sua vez, o Reino Unido surpreendeu todos com o resultado do referendo sobre o Brexit e a partir desse momento foram só perdas: Perdas de estabilidade, de confiança e de preponderância económica. O novo modelo de organização em perspectiva afetou e muito a nossa Comunidade e ainda hoje,com tantos avanços e recuos, ninguém arrisca uma previsão como ficará o país. O clima político deixa alguns sinais de alarme e não sabemos até que ponto a opção pelo Brexit sofrerá um revés, até porque, estou em querer, se hoje fosse realizado um novo referendo à saída da União Europeia, essa proposta seria recusada.

Na Venezuela a degradação social e política não pode ser mais nefasta, o país bateu no fundo. É desejo que o regime político ditatorial e comunista instalado seja derrubado.
Apesar do que tem vindo a acontecer aos nossos “irmãos” e a todos os que vivem naquele país, a comunidade internacional continua impávida e serena. As entidades portuguesas também estão aquém do que seria desejável. Não chegam reuniões, cimeiras, comunicados ou medidas solidárias para os cidadãos que lá vivem ou para os que regressaram. São precisas ações consertadas, persistência e sobretudo teimosia dos nossos atores políticos que, mesmo não tendo forma de alterar o contexto político na Venezuela, podem lutar mais veementemente pelos direitos e pela dignidade humana. Há aqui um desígnio nacional, e neste âmbito, julgo que Sua Excelência o Senhor Presidente da República Portuguesa seria o melhor mediador neste dossier de grande importância para Portugal e, em particular, para a Madeira e seus conterrâneos.

Fazer votos pela nossa diáspora, não só representa a consideração que temos por eles, mas também porque temos a obrigação de acompanhar as repercussões que poderão ter na nossa Região.

Fazer votos pelas nossas Comunidades implica gratidão e respeito por tudo o que fizeram e ainda continuam a fazer pela nossa terra.

Fazer votos pelos nossos “embarcados” é retribuir pelo que estes fizeram ao longo de décadas pelo progresso da Madeira e por aqueles que cá ficaram.

Fazer votos pela nossa emigração é sensibilizar todos para um desígnio maior: as nossas gentes, gente como nós.

Que seja um ano profícuo e feliz para Todos. É para isso que vivemos e lutamos. É esse o sonho que segue sempre o povo Madeirense, onde quer que resida.

 

António Trindade

In «Madeira Digital»