O advogado João Verdades Santos, de 46 anos, natural de Portimão, é o novo conselheiro das Comunidades Portuguesas no Luxemburgo.

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Segundo o jornal «Contacto», editado em português no Luxemburgo, aquele país «estava reduzido a um conselheiro», desde que Custódio Portásio, que regressou a Portugal, foi exonerado do cargo, por despacho do ministro dos Negócios Estrangeiros, assinado em Dezembro.

A sua substituição pelo algarvio João Verdades Santos tornou-se oficial na semana passada, com a publicação no portal do Governo e no site do MNE.

O jornal «Contacto» acrescenta que João Verdades «fazia parte da lista única apresentada em Setembro de 2015, nas últimas eleições para o Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), um órgão de consulta do Governo português para as questões da imigração».

A participação cívica dos imigrantes naquele país, as dificuldades de alojamento, o acesso à justiça e as trocas comerciais entre Portugal e o Luxemburgo são algumas das questões que o novo conselheiro considera serem prioritárias neste seu mandato. João Verdades destacou que quer ser «um ponto de escuta das preocupações da comunidade portuguesa».

Em declarações ao Sul Informação, João Verdades Santos disse que foi viver e trabalhar para o Grão Ducado do Luxemburgo há uma década...depois de ter encontrado trabalho através do jogo de computador, que é também uma rede social, o Second Life. Uma história original, que até já deu azo a notícias nos jornais.

Recorrendo a um avatar (figura animada que representa a pessoa que a comanda através do computador), e numa altura em que a crise começava a apertar em Portugal, João trocou informações em tempo real com os funcionários de várias empresas que tinham pavilhões virtuais na feira de trabalho virtual do Second Life, a rede social e jogo que simula a vida real.

Passados três meses, recebeu um e-mail da Vistra a perguntar se ainda estava disponível. «Disse que sim e pedi-lhes para me pagarem um bilhete de avião numa companhia lowcost e a estadia num hotel barato. Eles aceitaram, eu apanhei um avião no Porto e, chegado ao Luxemburgo, fui submetido a uma entrevista de três horas», contou.

Foi assim que João entrou na Vistra – empresa na área de planeamento fiscal internacional e na constituição de empresas, que presta serviços a multinacionais, investidores e empresários –, passando a trabalhar nos seus escritórios no Luxemburgo.

Mas a crise também bateu à porta do Grão Ducado e o seu posto de trabalho foi extinto, um ano depois. João Verdades voltou-se então para outra rede social, o LinkedIn, a rede de negócios criada em Dezembro de 2002 que tem mais de 30 milhões de utilizadores registados.

«Soube que ia ficar sem emprego numa segunda-feira. Na quinta-feira, atualizei o meu perfil do LinkedIn e, nessa mesma tarde, comecei a receber contactos de caça-talentos: de uma empresa de Dublin, de outra em Londres e de uma no Luxemburgo». Acabou por escolher este último país, onde se mantém, exercendo a sua profissão de advogado e de consultor jurídico.

No Grão Ducado do Luxemburgo, com os seus 590 mil habitantes, cerca de 100 mil são emigrantes portugueses, que representam, assim, cerca de um sexto da população luxemburguesa, segundo os dados do Observatório da Emigração. A comunidade portuguesa aumenta ainda mais de importância se, aos emigrantes, se acrescentarem os luso-descendentes.

Por isso, o português é a quarta língua mais falada no país (depois do luxemburguês, do alemão e do francês, que são línguas oficiais), representando cerca de 15,7% de falantes, de acordo como uma publicação de 2013 no portal de Estatísticas oficial do Luxemburgo.

In «Sul Informação»